O responsável em Portugal do programa comunitário de intervenção no espaço rural Leader + defendeu hoje que a região do Douro sofre de uma «notória falta de estratégia», sendo uma das regiões menos desenvolvidas do país.

Rui Baptista, que falava a bordo de um barco no rio Douro, onde hoje decorreu um workshop subordinado ao tema \"Valorização das Paisagens Fluviais\", referiu que os agentes do Douro não conseguiram \"criar e seguir um plano estratégico\" com vista ao desenvolvimento desta região.

Criticou ainda o \"circuito fechado\" que hoje caracteriza o turismo fluvial no Douro, em que os turistas visitam a região a bordo de um barco, sem conhecer outras valências para além do rio.

\"Este tipo de turismo não é o que eu gostaria de ver nas zonas rurais\", afirmou o responsável, que acrescentou que o Douro integra, para além do rio, as suas margens, a vinha e o vinho.

Defendeu que a região deve dar prioridade a sectores como a gastronomia e o vinho, produtos únicos de Portugal que têm que ser valorizados.

Rui Baptista salientou que o desenvolvimento das zonas rurais passa por uma aposta na qualidade e na diversificação dos serviços.

Ou seja, para além da agricultura é necessário encontrar novas actividades que promovam o desenvolvimento, por exemplo uma sapataria ou até mesmo um cabeleireiro.

O seminário fluvial que se realizou hoje no Douro foi promovido pela Associação do Douro Histórico, com sede em Sabrosa, e decorreu no âmbito da rede europeia \"Union des Terres de Rivieres\", um projecto co-financiado pelo Programa Interreg IIIC Sud e que conta com 24 parceiros, entre câmaras, instituições ou associações de 10 países.

Esta rede, criada há quatro anos, tem como principais objectivos a gestão sustentável da água, valorização das paisagens fluviais, a promoção de boas práticas e intercâmbio de conhecimentos na Europa.

Pretende ainda definir projectos em coerência com a política Europeia, por exemplo, a Directiva Europeia sobre a Água, cujo objectivo é promover a protecção das águas superficiais continentais, de transição, costeiras e subterrâneas, para prevenir e reduzir a sua contaminação, promover o uso sustentável da água, proteger os ambientes aquáticos, melhorar o estado dos ecossistemas aquáticos e atenuar os efeitos de inundações e seca.

Com um orçamento global de 1,5 milhões de euros, este projecto pretende ainda criar um grupo de reflexão sobre o tema \"Água, Factor de Desenvolvimento Cultural e Económico\" e editar um \"Guia de Boas Práticas da Água e dos Rios\", destinado ao público escolar.

Tem ainda como objectivo promover acções de sensibilização ambiental junto da população escolar do segundo ciclo, recolha de informações sobre o território e a sua rede hidrográfica para integração no guia de boas práticas e criar um site da rede na Internet.

A Associação do Douro Histórico intervém em 11 concelhos durienses, designadamente Vila Real, Alijó, Murça, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio e Peso da Régua e ainda Tabuaço, Lamego, Armamar e São João da Pesqueira.

Esta associação faz a gestão de programas comunitários, designadamente do programa de intervenção no espaço rural Leader +, que entre 2001 e 2006, disponibilizou cerca de seis milhões de euros para apoiar projectos como casas de turismo rural, criação de enotecas, de recuperação de miradouros, património religioso e até arranjos urbanísticos em localidades durienses



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