A Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS), que abrange sete concelhos raianos, lançou o projeto "Vai dar Raia", uma iniciativa que quer reavivar memórias do contrabando e dos passadores na região de fronteira, foi hoje anunciado.

"Este projeto pretende colocar em evidência aquele que se considera ser um significativo e apelativo património identitário e cultural do território, baseado nos acontecimentos históricos que se encontram enraizados nesta região, sendo um património de elevado potencial imagético e turístico, pleno de experiências sociais e capaz de despoletar vários sentimentos", explicou à Lusa o secretário-geral da AMDS, Nuno Trigo.

Segundo o responsável, um território faz-se das suas pessoas, das ruas raízes e tradições, mas faz-se também dos eventos que acolhem os projetos e a sua capacidade de unir esforços entre os seus municípios e outras instituições, para que as iniciativas programadas "se possam realizar com sucesso".

"A operação ‘Vai dar Raia’, desenvolvida pela AMDS, tem como objetivo geral apoiar a qualificação e valorização dos ativos histórico-culturais com vocação turística do território, contribuindo para o enriquecimento da oferta turística da região do Norte provendo acesso à cultura para a criação de novos públicos, nomeadamente através de eventos que envolvam toda a comunidade e se tornem um referencial na região", concretizou Nuno Trigo.

Simultaneamente, pretende-se promover o crescimento dos fluxos turísticos e o aumento da procura dos concelhos envolvidos, no caso, os sete municípios associados da AMDS.

"Com este projeto transfronteiriço pretende-se afirmar e posicionar o Douro Superior como destino turístico atrativo, apresentando elevado potencial no património histórico, cultural e imaterial e motivação associada ao conhecimento de um território com características polivalentes, de turismo cultural, gastronómico ou natural", vincou o dirigente.

O projeto "Vai dar Raia" dá a conhecer as riquezas do património material existente e o potencial em termos de património imaterial, em torno da tradição histórica e cultural característica desta região, apresentando aos visitantes a intensidade da cultura, tradições, atividades e serviços a descobrir quando o visitante se encontra no local.

Para o presidente da Associação de Municípios Ibéricos Ribeirinhos do Douro (AIMRD), Artur Nunes, com a situação pandémica que o mundo atravessa e com o encerramento das fronteiras muitas histórias foram reavivadas décadas após o tempo dos chamados contrabandistas e passadores.

"Ao longo dos anos se tem falado muito da temática do contrabando. Contudo, com os vários encerramentos das fronteiras com Espanha, e neste território em particular, muitas foram as memórias que foram reavivadas e, por isso, se partiu para este projeto que inclui parceiros espanhóis", vincou o também presidente da Câmara de Miranda do Douro.

Nesta altura, faz todo o sentido abordar os pontos comuns existentes na raia transmontana que abrange este território, que vão desde Miranda Douro a Vila Nova de Foz Côa.

Já a secretária de Estado de Valorização do Interior, Isabel Ferreira, numa nota enviada à Lusa, defende que as regiões transfronteiriças são um meio privilegiado para abordagens locais que promovam o empreendedorismo, o capital humano, o estímulo à inovação e a afirmação de instituições e de redes nos territórios.

"Estas abordagens, ligadas aos recursos naturais dos territórios e mais diretamente dependentes das competências e capacidades dos agentes locais, são embriões de um maior desenvolvimento futuro da raia, focado na competitividade e sustentabilidade", indica a governante que também tutela a cooperação transfronteiriça.

Isabel Ferreira disse ainda que, num momento em que se prepara o próximo quadro de fundos europeus e os programas de cooperação territorial europeia, é fundamental ter em conta o impacto positivo destas abordagens, que permitem ouvir o território e as suas gentes e ir ao encontro das necessidades e oportunidades que a fronteira entre Portugal e Espanha oferece.

Da AMDS fazem parte os municípios de Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, a que se juntam os concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo e Foz Côa, no distrito da Guarda.

Nesta iniciativa vão ser investidos 300 mil euros comparticipados a 85% por fundo do Programa Oracional do Norte.



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