Uma autêntica romaria de curiosos e astrónomos é esperada este fim-de-semana em Bragança, a zona privilegiada do país para assistir segunda-feira ao maior eclipse solar visível em Portugal nos últimos cem anos.

O Instituto de Meteorologia prevê céu geralmente limpo em todo o país, mas o eclipse será sobretudo visível na região de Bragança, onde estão já previstas actividades como palestras, teatro, observações nocturnas e até um acampamento.

Segundo explicou à Lusa Alfredina Campos, do Observatório Astronómico de Lisboa, as pessoas que se encontrarem nesta zona assistirão a uma redução da luz solar, embora menos intensa do que acontece com os eclipses totais.

O eclipse de segunda-feira é chamado de eclipse anular, em que a lua se coloca entre a Terra e o Sol, tapando o astro-rei, mas não na totalidade.

No auge do eclipse ver-se-á uma esfera negra com um anel de luz em volta, daí o nome de anular ou anelar.

Este é o maior eclipse solar visível em Portugal nos últimos cem anos e só voltará a acontecer em 2028.

Este cenário, que segunda-feira deverá ocorrer por volta das 10:00, só poderá ser apreciado nas zonas situadas na chamada faixa da anularidade\" ou faixa central, que começa no Atlântico Norte, passando pelo Norte de Portugal, Espanha, Ilhas Baleares, e cruzando o continente africano em direcção a sudeste, passando pela Argélia, Tunísia, Sudão, sudoeste da Etiópia, Quénia, e estremo sul da Somália, terminando no Oceano Índico.

Em Portugal, os distritos privilegiados são os de Braga, Vila Real, Viana do Castelo e, sobretudo, Bragança, onde estão previstas diversas iniciativas que começam já no fim-de-semana, apesar de o alinhamento da Terra, da Lua e do Sol ocorrer apenas na manhã de segunda-feira.

Um acampamento na vila de Argozelo, a cerca de 20 quilómetros da cidade de Bragança, deverá reunir entre 120 e 150 participantes, segundo o Núcleo Interactivo de Astronomia (NUCLIO), que organiza o encontro.

Segundo Rosa Doran, daquela associação, o número total de visitantes esperados para esta iniciativa ronda os mil, entre campistas, crianças das escolas e curiosos.

A Sudeste, em Miranda do Douro, uma fundação de Espinho, a Multimeios, vai transmitir via Internet para todo o mundo as diversas fases do eclipse, durante a manhã de segunda-feira, segundo Paulo Matos, responsável pela iniciativa.

Na noite anterior, domingo, os habitantes locais terão a oportunidade de observar o céu numa sessão promovida pela mesma organização, antecedida de uma palestra sobre a temática.

Na cidade de Bragança será possível observar o céu a partir da manhã de domingo, no terraço do Teatro Municipal, onde serão instalados também os telescópios que permitirão acompanhar o eclipse solar.

A temática vai ser explicada às crianças com uma sessão de teatro e ao restante público com palestras sobre física solar e eclipses, no mesmo local.

Estas actividades são da responsabilidade do programa \"Ciência Viva\", que terá vários observadores espalhados pelas escolas da cidade, na segunda-feira de manhã, para acompanharem o fenómeno com os alunos, explicou Paulo Matos, da organização.

Outro ponto de observação do eclipse é a aldeia de Moz, também no concelho de Bragança, onde a Associação Nacional de Astronomia vai instalar dois telescópios e explicar o acontecimento aos presentes, que não deverão ter problemas de visibilidade, independentemente da sua localização.

A Câmara Municipal de Braga e o programa \"BragaDigital\" vão proporcionar uma simulação digital do eclipse anular do sol, fenómeno que foi visível nesta cidade pela última vez em 1912.

Com recurso a um software livre de simulação, os vários \"Espaços Internet\" geridos pela autarquia vão explicar este fenómeno natural, aproveitando para informar a população sobre os cuidados a ter com os olhos.

A Direcção Geral de Saúde vai distribuir gratuitamente por alguns jornais nacionais e centros de Saúde óculos especiais que permitirão observar o eclipse em segurança.

Os especialistas alertam para o perigo de lesões na retina, que conduzem à cegueira, se o eclipse for observado sem a devida protecção.

A DGS alerta ainda que não devem ser utilizados óculos escuros, vidros negros fumados, negativos de fotografias, radiografias, CD ou outros artefactos.



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