A EDP não vai mesmo apresentar nenhuma proposta de alternativa ferroviária ao troço da Linha do Tua que ficará inundado com a construção da barragem de Foz-Tua.

As alternativas do projecto de mobilidade, que está em consulta pública até ao dia 19 deste mês, vão passar pelos transportes fluviais e rodoviários.

Em causa está o estudo de alternativas de transporte às populações servidas pela linha do Tua, imposto pela Declaração de Impacte Ambiental emitida pelo Ministério do Ambiente que aprova a construção da barragem fortemente condicionada com a cota de Nível de Pleno Armazenamento mais baixa (170 metros), das soluções alternativas que estiveram em avaliação.

Com esta decisão, a linha ferroviária do Tua será inundada em cerca de 16 quilómetros dos cerca de 54 que aquela via-férrea tem na sua extensão, ficando submersos cinco apeadeiros e desactiva automaticamente e em definitivo, os primeiros quatro quilómetros da ferrovia, entre o Tua e Tralhariz, para os trabalhos de prospecção e elaboração do projecto.

Uma das imposições é o estudo das alternativas de transporte, incluindo a alternativa ferroviária, que a EDP afastou de imediato pela relação custo/benefício.

No total, esta solução orçaria num valor compreendido entre os 130 e os 140 milhões de euros, valor muito desproporcionado face aos benefícios expectáveis, pode ler-se no documento que está para consulta nas entidades públicas da região do Vale do Tua, até ao dia 19 de Abril.

Para chegar a estes valores, o Gabinete de Estudos e Geotecnia, a quem a EDP solicitou o estudo, teve em conta que a extensão necessária da linha para vencer o desnível seria de cerca de 8 quilómetros e que mesmo essa solução só seria possível à custa de um atravessamento para a margem direita do rio e um regresso à margem esquerda, por forma a findar o traçado na actual estação do Tua, o que teria impactes importantes ao nível paisagístico e ambiental, observa documento.

Sendo assim, a EDP apresenta duas propostas paralelas, cada uma adaptada a cada segmento de procura, ainda que articuladas.

Isto porque, no entender da empresa, uma solução única não consegue servir de forma equilibrada as solicitações.

A solução turística combina a alternativa ferroviária entre Mirandela e Brunheda, com a alternativa fluvial entre Brunheda e a barragem e a alternativa rodoviária entre a barragem e o Tua.

O restabelecimento da ligação ferroviária entre Mirandela e Brunheda implica uma requalificação numa extensão de 33 quilómetros, que permitiria a extensão do serviço regular de passageiros e potencia a organização de serviços ocasionais dirigidos ao segmento turístico, bem como recupera parte do património ferroviário da Linha do Tua, explica o documento.

No entanto, o investimento, estimado em cerca de 15 milhões de euros, não deve ser da responsabilidade nem encargo da EDP, mas sim da REFER.

A alternativa fluvial entre Brunheda e a barragem poderá ser realizada utilizando barcos eléctricos ou a diesel e recomenda a construção de 4 cais: barragem, Amieiro, São Lourenço e Brunheda.

Ainda no segmento turístico, é proposta a alternativa rodoviária entre a barragem e o Tua, efectuada por um Mini Bus de elevado desempenho ambiental.

Outra proposta da EDP passa pela transformação da actual linha-férrea entre a barragem e o Tua em via pedonal.

Esta solução envolve um envelope financeiro, da responsabilidade da EDP, entre os 3,5 e os 5 milhões de euros.

Na solução para a mobilidade quotidiana, a EDP propõe a combinação do serviço de transporte ferroviário entre Mirandela e Brunheda, com um serviço assente na rodovia e na utilização de autocarros entre Brunheda e o Tua.

Esta hipótese teria um encargo para a EDP de 600 mil euros, mais os cerca de 15 milhões da requalificação da linha, da responsabilidade da REFER, da qual não foi possível obter qualquer reacção a estas propostas.

Uma das contrapartidas da EDP para os concelhos que vão ser abrangidos pela construção da barragem do Tua é a sua participação, através de um fundo financeiro, no nascimento de uma Agência Regional de Desenvolvimento A empresa tem até Julho para apresentar ao Governo o projecto da barragem, bem como todas as soluções para as exigências da DIA.



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