O Tribunal de Vila Real propÎs a destituição dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia local depois das acusações de negligência no caso de abuso sexual entre jovens no lar juvenil.

Albertino do Fundo, membro da direcção, afirmou à Agência Lusa que o Tribunal propÎs a destituição dos órgãos sociais da Misericórdia e que esta instituição seja gerida por uma pessoa proveniente do concelho de Boticas até à realização de eleições para uma nova direcção.

Segundo o responsável, a actual direcção da Santa Casa vai recorrer desta decisão do Tribunal porque acredita que \"nos 300 irmãos que a instituição tem no concelho de Vila Real haverá alguém capaz para gerir a instituição até à realização de novas eleições\".

Em Fevereiro, o tribunal de Vila Real ordenou a retirada dos 18 jovens da tutela da Misericórdia local depois de um relatório da Inspecção-Geral do Ministério da Segurança Social (IGMSST) ter denunciado a prática generalizada de abusos sexuais entre as crianças daquele lar. Segundo as conclusões deste relatório, as crianças sofriam de abusos sexuais por parte dos utentes mais velhos desde que a instituição abriu, há 12 anos, admitindo-se que a situação seria do conhecimento dos funcionários e dos responsáveis da instituição.

Ainda segundo o relatório da IGMSST, divulgado em Janeiro, os responsáveis pela Misericórdia de Vila Real teriam conhecimento das práticas de abusos sexuais, mas nunca tomaram \"qualquer medida para erradicar esta prática, nem sequer qualquer acompanhamento psiquiátrico ou psicológico dos jovens envolvidos\".

As conclusões do relatório foram entregues ao ministro Bagão Félix, que remeteu o processo para o Ministério Público e propÎs a entrega dos menores que residem no lar à Segurança Social, o encerramento da instituição e a suspensão e destituição dos corpos sociais da Santa Casa da Misericórdia.

Albertino do Fundo afirmou ontem que \"não ficou provada a existência de negligência\" por parte da direcção da Santa Casa, pelo que acredita que o Ministério da Justiça \"vai ser compreensível\".

\"Esta é uma instituição religiosa e não podemos aceitar que uma pessoa que não conhecemos a venha gerir\", salientou. A Santa Casa vai recorrer desta proposta, pois se não o fizesse a decisão do tribunal tinha efeitos imediatos.



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