Estamos em período de apresentação de listas de candidatos (18 a 28 de Fevereiro) e, podemos afirmá-lo, em pré-campanha eleitoral para as próximas eleições do Conselho das Comunidades Portuguesas.
As rádios noticiam e entrevistam candidatos, o mesmo acontecendo com os jornais com vocação para as comunidades.
Apesar de oficialmente não se conhecerem os candidatos a estas eleições, o nome de alguns circula oficiosamente, é do domínio público e do conhecimento geral.
Ora, é neste momento e nestas circunstâncias que se anuncia a realização de uma mesa redonda sobre a \"Comunicação Social Portuguesa em França\" no sábado, dia 1 de Março de 2003, no Consulado-Geral de Portugal em Paris.
Se esta iniciativa fosse da responsabilidade da embaixada ou do próprio consulado, tudo bem, nada haveria a dizer senão tecer «louvores» pela iniciativa em prol da informação. A comunicação social necessita de ser discutida e debatida.
No entanto, a iniciativa é da Aniki Produções, que todos nós sabemos pertencer (ele diz-se co-fundador) ao conselheiro das comunidades Carlos Pereira e candidato potencial às próximas eleições de 30 de Março (o nome já foi anunciado nas rádios e nos jornais).
O próprio aparece como moderador do referido colóquio, junto de António Carneiro Jacinto, conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal em França, tudo com a bênção e sob o “alto patrocínio de: Dr. José de Almeida Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Embaixador António Monteiro, Embaixador de Portugal em França e do Dr. Nuno Bessa Lopes, Cônsul-Geral de Portugal em Paris.”
Surge-me então a seguinte interrogação. Haverá uma urgência tão grande na realização deste colóquio que não se pudesse esperar por uma data posterior às eleições?
Os moderadores são Ana Folhas de Oliveira, assessora de imprensa do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e o Sr. Carneiro, da Embaixada Aberta. Estaremos em presença de um colóquio do governo sobre a comunicação social? Ou será mais um meio de promoção individual, de protagonismo, em vésperas de eleições?
É curioso que a Embaixada e o Consulado de Portugal em Paris não tenham tido mais precauções em matéria de isenção eleitoral num momento como este. Se se abrem as portas do consulado de Paris a um candidato (embora não oficial), as mesmas portas devem abrir-se a todos os outros.
Poderíamos sugerir ao Sr. Cônsul de Paris a realização de uma reunião da nossa associação sobre a reforma (aposentação) dos portugueses em França no próximo sábado, 15 de Março, nesse mesmo consulado. O que pensariam os nossos diplomatas e autoridades consulares?
Para terminar, é necessário esclarecer que o Jornal Lusitano anuncia o conselheiro das comunidades Carlos Pereira como fazendo parte de uma lista liderada por Paulo Marques, cuja cor política é conhecida e fortemente badalada.
Acaso? Descuido? Lapso? Se lapso, é revelador!