A Direcção dos Bombeiros de Valpaços está, há vários anos, a violar a Lei que regula o funcionamento das associações humanitárias de bombeiros. Além de todo o gás consumido na instituição, a empresa do presidente da direcção- a Electro Augusto César e Filhos- sediada em Valpaços, vem, ao longo de vários anos, a fornecer material de que a corporação necessita, ferindo, assim, o artigo referente às incompatibilidades dos titulares dos corpos sociais (artigo 24 da Lei nº32 de 13 de Agosto de 2007). De acordo com algumas requisições a que o JN teve acesso, algumas das quais assinadas pelo próprio presidente dos bombeiros, a situação manter-se-á, pelo menos, desde 2005.
Sem negar as ilegalidades, o presidente da corporação, César Augusto Medeiros, argumenta que os valores em causa são \"irrelevantes\". \"Não é por aí que o gato vai às filhoses, como se costuma dizer. Se fossem compras avultadas...\", afirma, garantindo, contudo, que, no próximo mandato, tudo irá ser alterado. \"Não queremos que a situação se arraste. Eu sempre fui uma pessoa isenta\", diz.
No entanto, ao que o JN conseguiu apurar, os valores em causa não serão tão irrisórios quanto isso. Por ano, a factura de gás paga pelo Bombeiros é de cerca de 2 mil euros. Além disso, e além de diverso material eléctrico, no rol de equipamentos vendidos pela Electro Augusto César e Filhos aos Bombeiros estão, por exemplo, vários aquecedores, uma máquina de lavar industrial e ainda um sistema de rega.
Confrontando com os equipamentos em si, o dirigente deu a entender que a compra da máquina terá resultado de um \"esquema\" que depois poderia \"explicar melhor\" e lembrou, por exemplo, que ofereceu a mão-de-obra para a instalação do sistema de rega. \"E, em Outubro, dei mil euros para a compra de um carro. Que fique bem claro que eu não me governo com os Bombeiros\", afirmou.
Há menos de um ano, os armários das casernas dos bombeiros também foram feitos por um genro de outro elemento da direcção. \"Foi uma coisa esporádica e, na altura, ainda nem era genro\", explica César Augusto, avançando com outro argumento em sua defesa \"também faço deslocações a Lisboa e ao Porto e nunca ninguém me viu apresentar uma factura de representação. E uso o meu telemóvel\".
Ainda durante este mês, haverá eleições nos Bombeiros, mas César Augusto recusou dizer se vai recandidatar-se a um quarto mandato. \"Ainda é segredo\", concluiu.