Pedro, de 10 anos, já não vai às aulas desde o início do mês de Novembro, altura em que os pais se viram obrigados a pagar o passe para viajar no autocarro do agrupamento de escolas do Baixo Barroso que costumava apanhar para a escola-sede.

Na mesma situação de Pedro estão mais quatro alunos, todos residentes nas aldeias de Covêlo do Gerês, Cabril e Fafião, os quais desde o início do ano lectivo estão matriculados no quinto ano da Escola Básica do 2º e 3º ciclo do Baixo Barroso, concelho de Montalegre.

O pai de Pedro, Manuel Pereira, disse hoje à Lusa que \"os alunos foram impedidos pela autarquia de serem transportados para a escola-sede do agrupamento de escolas a que pertencem, por alegadas sobreposições do circuito de transportes daquela zona\".

O responsável afirmou ainda que a câmara de Montalegre alega que as crianças pertencem à área de influência da escola da Misarelacoop, estabelecimento de ensino privado existente naquela zona.

\"O ano escolar iniciou-se com normalidade, os nossos filhos foram matriculados e durante o primeiro mês e meio frequentaram a escola- sede do agrupamento de escolas do Baixo Barroso, sem terem de pagar transporte\", salientou.

Acrescentou que, no início do mês de Novembro, foram obrigados pela autarquia a pagar o passe escolar, no valor de 25,90 euros (5.180 escudos), o que os pais se recusaram a aceitar.

\"Uma das crianças já frequentou aquela escola no ano passado sem ter de pagar nada e agora, por ter reprovado, é obrigada a pagar o mesmo transporte\", sublinhou.

Os pais querem apenas que a situação volte ao que era e que os seus filhos possam viajar no transporte escolar para o Baixo Barroso, escola onde serão acompanhados desde o 5º ao 12º ano.

Orlando Alves, vice-presidente da Câmara de Montalegre, salientou que a autarquia garante, como é de lei, o transporte dentro da escolaridade obrigatória, nas condições definidas pelo Ministério da Educação.

Mas, segundo frisou, \"não há lugar a sobreposição de transportes\".

\"A câmara não é obrigada a transportar os alunos para as escolas que pretendam quando, muito próximo, têm à disposição um estabelecimento de ensino disponível, neste caso a Cooperativa de Ensino Miseralacoop\", frisou.

Acrescentou que \"as crianças pertencem à área de influência da Miseralacoop e que qualquer precedente que a autarquia abrisse implicaria assumir responsabilidades até ao fim do ciclo escolar e iria permitir outras escolhas de outros alunos\".

\"Outros alunos poderiam também reclamar transporte para frequentarem a escola de Chaves em vez da local de Montalegre\", sustentou.

Orlando Alves salientou ainda que a decisão nada tem a ver com o \"insignificante aspecto financeiro mas com um ordenamento necessário numa área tão pequena e com tão reduzido número de alunos, onde funcionam três estabelecimentos de ensino\".

Pedro passa, agora, os dias a estudar em casa, junto com a mãe e outro colega, que vai quase todos os dias ter consigo, e à tarde joga à bola, o seu desporto preferido.

\"Aquilo de que tenho mais saudades é do desporto escolar, onde jogava à bola com todos os meus novos colegas, e também dos professores\", afirmou à Lusa.

Todos os dias, quando as aulas acabam na escola do Baixo Barroso, Pedro telefona a uma colega para saber qual a matéria dada nesse dia e para quando foram marcados os testes.

\"Quando o meu pai pode, leva-me à escola para assistir a algumas aulas e nos dias de teste leva-me também para os fazer\", referiu.

Lúcia, de 11 anos, começa agora a suas manhãs a ajudar a mãe e a levar as vacas para o campo para pastar.

Estuda, quando pode, com os colegas, mas queria poder ir novamente às aulas.



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