A transladação do corpo do imigrante ucraniano de 42 anos que há cerca de um mês foi encontrado morto no ribeiro do Ribelas, em Chaves, só aconteceu recentemente. E só foi possível graças à boa vontade de um grupo de imigrantes da mesma nacionalidade que estão a trabalhar em Chaves e que decidiu organizar um peditório para conseguir angariar o dinheiro necessário para que o seu compatriota fosse para junto da família. Embora tenham sido muitos os imigrantes que contribuíram, a organização do peditório esteve a cargo de um grupo de três ucranianos: Igor Knyhynytskyy e dois amigos, que curiosamente \"mal\" conheciam a vítima.

Igor está em Chaves há mais de dois anos, e, para ele, \"pedir é uma vergonha muito grande\". Mas, por outro lado, reconhece que não tinha outra alternativa para ajudar a família do morto.

Por isso, a primeira ideia que ele e os amigos tiveram para angariar o dinheiro para a transladação do colega foi a de fazer uma colecta num dos hipermercados da cidade. Mas porque a gerência do estabelecimento comercial não autorizou, Igor pensou então em recorrer ao padre de Vilar de Nantes, uma freguesia onde já trabalhou e onde, por isso, tem muitos amigos. Além de autorizar o peditório no final da missa, que acabou por render cerca de 450 euros, o pároco de Vilar de Nantes aconselhou também Igor e os colegas a procurarem o Padre da Igreja Matriz de Chaves. Foi o que fizeram. Mas além disso, ini-ciaram igualmente um peditório no seio da comunidade imigrante a trabalhar em Chaves. Conseguiram perto de mil euros. Mesmo assim, ainda estavam muito longe dos 4.000 euros que pedia uma agência funerária algarvia, que anuncia os seus serviços num jornal escrito em russo.

\"Era muito dinheiro...então decidimos pedir ajuda à embaixada, que nos deu o número de telefone de outra agência. Esta só nos levou 2.500 euros\", revela agora Igor.

No entanto, com a \"preciosa\" ajuda do padre Hélder, que alargou o peditório a várias paróquias do concelho, os imigrantes conseguiram angariar cerca de 5.500 euros. Por isso, a maquia, além de servir para pagar à agência funerária, deu ainda para enviar cerca de mil euros à família do falecido, a fim de ajudar nas despesas do funeral, que se realizou no passado dia 23. Mas, mesmo assim, ainda sobraram dois mil euros. Igor e os amigos pensaram então em doar esta quantia às crianças do lar de Vilar de Nantes. \"Mas depois disseram-me que aquelas crianças tinham quase tudo, e que não passavam fome. Por isso, como na altura estavam a fazer um peditório para as crianças necessitadas da Angola, decidimos enviá-lo para lá\", relatou Igor, que acredita que esta iniciativa se pode revelar como \"um novo impulso para melhorar as relações com a comunidade portuguesa\".

Em nome da comunidade de imigrantes de Leste, Igor aproveitou a missa em Vilar de Nantes na passada sexta-feira, dia de todos-os-santos, para agradecer a dádiva. Cerimónia para a qual o imigrante convidou também o canal de televisão \"Sic\". \"Não encontrei melhor maneira de agradecer a bondade de toda aquela gente que não o reconhecimento público\", concluiu Igor.



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