A Comissão Diocesana de Arte Sacra de Bragança-Miranda pretende criar em Duas Igrejas, no concelho de Miranda do Douro, um arquivo para preservar os documentos da diocese à semelhança do modelo utilizado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
"A diocese tem um arquivo que funciona em Bragança, que é uma das estruturas do género das mais antigas do país e completo, mas está em más condições. Existe uma quantidade significativa de livros paroquiais, missais e outros documentos que necessitam de salvaguarda", disse à Lusa o presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra e dos Bens Culturais da Igreja, padre António Pires.
Segundo o prelado, é necessário "salvaguardar" este tipo de património religioso, já que as paróquias não oferecem condições para o efeito.
"Temos um belíssimo edifício paroquial situado em Duas Igrejas, que se está pensar seriamente em aproveitar para transformar no arquivo diocesano", disse o responsável.
Para o padre António Pires, trata-se de um projeto " ambicioso" mas possível, que permitirá instalar um equipamento no concelho de Miranda do Douro, onde a diocese teve a sua origem no século XVI.
Para já, os responsáveis diocesanos procuram um projeto e financiamento para restaurar o imóvel e transformá-lo numa espécie de Torre do Tombo no concelho de Miranda do Douro.
A Comissão de Arte Sacra da Diocese Bragança- Miranda vai instalar em Sendim, também no concelho de Miranda do Douro, um centro de conservação e restauro de arte sacra.
Segundo os mentores do projeto, este vai de encontro às necessidades atuais da diocese, dado que as intervenções que ocorrem nas igrejas acontecem, muitas vezes, sem qualquer tipo de apoio especializado nem supervisão e os restauros efetuados em imagens, esculturas e pinturas são, em boa parte, realizados fora da região.
"Numa diocese tão rica em arte sacra, não faz sentido que as nossas imagens tenham de ser transportadas para Braga, Viana do Castelo do Castelo ou Santarém, quando podem ser recuperadas aqui", disse Artur Nunes, presidente da Câmara de Miranda do Douro.
O autarca, que apoia o projeto, considera que além da riqueza que este centro pode gerar ali vão nascer cinco postos de "trabalho especializado", o que é muito importante para a vila de Sendim.
A vertente formativa do projeto pretende criar mais equipas que possam responder às necessidades da região mas também atuar noutras zonas do país.
A ideia é contratar técnicos qualificados em escultura e pintura numa tentativa de salvaguardar o património, mas a pretensão é também criar parcerias com empresas locais que estejam habilitadas para a intervenção patrimonial.
A Comissão Diocesana de Arte Sacra vai ainda dispor de todo o inventário do património móvel já elaborado, devendo providenciar todos os trâmites necessário para o concluir, uma vez que este inventário ainda não está feito ou totalmente concluído em alguns municípios.
Este projeto pretende dar "um contributo primordial para o desenvolvimento do turismo e da cultura Diocesana da região".
O Centro de Restauro de Arte Sacra, de acordo com o projeto já candidatado aos apoios comunitários, vai custar cerca de 90 mil euros e vai ficar instalado na Casa da Criança Mirandesa, em Sendim, Miranda do Douro.