Um grupo de caminheiros partiu esta manha da estação do Tua procurando por responsáveis pelos «defeitos grosseiros» detectados na estrutura, que continuam sem «culpados» um ano depois dos inquéritos.

«Faz sentido que apurados erros grosseiros não haja responsáveis em termos de instituições e das empresas públicas que fazem a gestão da linha?» é a pergunta que repete Pedro Couteiro, o dinamizador do protesto, traduzido hoje na terceira de nove marchas anunciadas «até reabrir a linha» do Tua.

O ponto de partida da terceira marcha foi a estação do Tua, de onde o comboio já não sobe há mais de um ano o rio, por a via se encontrar desactivada na maior parte da sua extensão, entre o Cachão e o Tua.

O organizador anuncia 16 inscrições para fazer o percurso até Castanheira do Norte, apenas meia dúzia de quilómetros, mas os mais significativos, pois foi ali que começou a «agonia» da linha, com três mortos no primeiro acidente, em Fevereiro de 2007.

Desde então, sucederam-se mais três acidentes e mais uma vítima mortal e foi aprovada a barragem de Foz Tua, com uma declaração de Impacte Ambiental favorável condicionado, que desactiva automaticamente os quatro quilómetros da ferrovia junto ao Tua, que os caminheiros escolheram hoje para marchar.

Em cada marcha uma denúncia, que o promotor diz ainda não saber se assumirá a forma jurídica, com a apresentação de uma queixa nos tribunais.

A falta de «culpados» um ano depois do último acidente, que aponta para falha humana, e a ausência de uma política ferroviária nacional foram os motivos das primeiras duas «queixas públicas».

A EDP, concessionária da barragem, que vai submergir a parte mais atractiva da linha, é o alvo da terceira marcha, que aponta o dedo a um «estradão» aberto há quase três anos para trabalhos de prospecção e que valeu à empresa um processo de contra-ordenação e a suspensão das obras.

Pedro Couteiro alega ser necessário apurar as consequências «dos rebentamentos para a abertura do «estradão» na estabilidade da encosta onde passa a ferrovia\".

A marcha de hoje chama ainda a atenção para «tesouros escondidos» no Tua, como uma cascata de água, a Cascata do Merdanário, propícia à prática de cannyoning (escalada), mas «onde corre esgoto».

As marchas pela linha do Tua têm tido a presença de representes de movimentos de cidadãos como o Movimento Cívico pela Linha do Tua ou o Instituto da Democracia Portuguesa, mas também apoios político-partidários, como o da dirigente de Os Verdes e cabeça da lista da CDU às legislativas por Bragança, Manuela Cunha, e dirigentes do Bloco de Esquerda.

O principal defensor da linha, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, diz que propositadamente a Câmara não tem participado».

Segundo o autarca social-democrata, trata-se de movimentos feitos por instituições da sociedade civil e com a proximidade das eleições, entende que a questão «não se deve politizar».



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Ser for governo

«Prejuízo ambiental e paisagístico»