Aos 34 anos Sandra Martins agarrou uma oportunidade de emprego na Fujitsu Portugal porque pode permanecer em Vila Real, reforçando a rede de 700 trabalhadores que a empresa já tem em trabalho remoto em todo o país.

Hoje foi o primeiro dia de trabalho de Sandra Martins no espaço de ‘coworking' do Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real – Regia Douro Park, onde conheceu um outro colega de trabalho na Fujitsu, Pedro Parafita.

Ambos vivem em Vila Real e trabalham para a empresa que tem escritórios em Lisboa e Braga.

“Se não fosse o trabalho remoto este trabalho não era uma opção para mim, nunca me teria candidatado à empresa. Tenho família, uma criança de 6 anos, vivemos e temos tudo aqui em Vila Real”, salientou Sandra Martins, que dá apoio informático.

Desde agosto que trabalhava a partir de casa, mas no Regia disse sentir que acabou “a quarentena” e destacou como mais-valia “a socialização”.

Pedro Parafita, 28 anos, estava em Braga e quando começou a pandemia passou para o regime de teletrabalho a partir da terra natal. Está na área de gestão de projeto e não pensa, para já, sair de Vila Real, porque o “custo de vida é menor”.

Depois de vários meses a trabalhar em casa salientou as vantagens de ir para o Regia pelo “contacto com outras pessoas e a partilha de ideias”.

A Fujitsu Portugal apresentou hoje uma carta de compromisso com a Rede de Espaços de Teletrabalho/'Coworking' nos territórios do Interior, que lhe permitirá ter colaboradores a trabalhar a partir de todos os municípios aderentes. Também hoje foi assinado o acordo de cooperação entre o Regia Douro Park e a rede “Teletrabalho no Interior: Vida local, trabalho global”.

Carlos Neves, da Fujitsu Portugal, disse que o trabalho remoto criou novas oportunidades para quem vive no Interior e não tem, agora, que se mudar para as grandes cidades para ter uma oportunidade de carreira na área das tecnologias de informação.

Uma realidade que era “mais complexa” antes da pandemia, mas que é agora uma aposta da empresa que já tem cerca de 700 trabalhadores em todo o país em contrato permanente de teletrabalho.

Ao todo, a Fujitsu tem 2.000 trabalhadores em Portugal, tendo reforçado o quadro nesta fase de pandemia. Em Vila Real estão nove.

Carlos Neves aponta várias vantagens do trabalho à distância, como a redução das deslocações, logo da pegada ecológica, do tempo perdido no trânsito e ganho para a vida social e familiar dos trabalhadores, e lembrou ainda o “elevado custo de vida e o custo habitacional” nas grandes cidades.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, presente da assinatura do protocolo, disse que "há hoje 89 espaços de teletrabalho” nos territórios do Interior e que “a esmagadora maioria já tem condições de funcionamento”.

A governante adiantou ainda que cerca de 150 trabalhadores da administração pública, a maior parte técnicos superiores, manifestaram interesse em se deslocar para o Interior, no âmbito do programa lançado pelo Governo, podendo continuar a trabalhar para os serviços de origem.

“Cada família que vem para o Interior é ouro”, frisou.

Também estes funcionários podem trabalhar a partir dos espaços de teletrabalho de forma gratuita.

Nuno Augusto, do Regia Douro Park, referiu que desde a abertura do parque, há cinco anos, foi implementado o conceito de ‘coworking’, mas, devido à pandemia, foi necessário aumentar este espaço.

Ali é oferecido um lugar, com acesso à Internet, mais a eletricidade e aquecimento e o custo é de 40 euros. Estão instaladas pequenas empresas, colaboradores de empresas em regime de trabalho remoto e podem também instalar-se os funcionários públicos.

A maior parte destas empresas e colaboradores estão ligados à área das novas tecnologias.

Segundo Nuno Augusto, o Regia tem capacidade para acolher “mais de 60 pessoas” em regime de 'coworking' ao mesmo tempo, podendo esta capacidade ser aumentada.

Questionada sobre o chumbo do Orçamento do Estado, a ministra disse que o Governo se manterá a trabalhar até o Governo cessar funções e salientou que é “a democracia a funcionar”.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, destacou a “esperança consolidada” de alargamento do parque de ciência e tecnologia com o apoio financeiro dos próximos quadros comunitários.



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