A embaixada da França na Ucrânia já contactou a família do português que morreu na terça-feira na guerra naquele país, informaram hoje fontes familiares, adiantando que a diplomacia francesa está em articulação com a embaixada portuguesa em Kiev.

Antigo bombeiro, João Luís Chaves, 37 anos, era natural de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, e estava na Ucrânia a combater contra a Rússia há dois meses, no âmbito de uma missão que deveria durar meio ano.

Neste momento, segundo os familiares, estão a ser desenvolvidos esforços para recuperar o corpo do português.

Segundo o diário russo Moskovkoie Komsomolskaia, citando o analista militar Boris Rojin no canal Telegram, o português, identificado no jornal como "Rico Chaves", estava ao serviço das forças ucranianas e foi abatido por tropas russas, sem detalhes sobre o local e a forma como morreu.

João Chaves serviu na corporação dos bombeiros de Macedo de Cavaleiros entre 2003 e 2007, antes de emigrar para França, onde mora atualmente a mãe.

Neide de Jesus Chaves, tia materna de João Chaves a residir na região transmontana, avançou hoje que as embaixadas estão neste momento já em contacto com a família.

“Sei que tanto a embaixada portuguesa como a embaixada da França na Ucrânia estão interligadas a tentar recuperar o corpo do meu sobrinho, numa zona muito difícil e perigosa”, disse Neide de Jesus Chaves, informando ainda que não era a primeira vez que João Chaves estava num cenário de guerra.

As tropas ucranianas no terreno estarão também a tentar localizar o corpo do português, com recurso a drones.

A mesma fonte adiantou ainda que o que se sabe sobre o ataque mortal é que João Chaves estava na linha da frente onde, do lado ucraniano, resultaram vários feridos, tendo sido o único a morrer.

Neide de Jesus Chaves explicou que, tanto quanto lhe foi transmitido pela irmã, João Chaves falou com a mãe segunda-feira ao fim da tarde, um dia antes de morrer, altura em que lhe contou que se tinha deslocado durante dois dias para uma missão fora de Kiev e num sítio mais perigoso.

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros emitiu quinta-feira uma nota de condolências na rede Facebook, na qual expressou “o mais profundo pesar pelo falecimento de João Luís Chaves”.

“Acabamos ontem, no período da manhã, por saber através de uma familiar, uma prima, que o João tinha falecido na noite anterior num combate numa zona onde se intensificava a ação desenvolvida pela Rússia”, explicou, entretanto, à agência Lusa João Carlos Venceslau, comandante dos bombeiros macedense.

Depois de a corporação ter desenvolvido esforços para confirmar a veracidade da informação, conseguiu entrar em contacto com a mãe de João Chaves.

“Quando o João entrou para os bombeiros era um jovem de 17 anos de Macedo que quis servir uma causa. Aqui esteve durante quatro anos, em que fez o seu melhor, cumpriu na íntegra aquilo que nos move e deixou boas recordações desse período”, partilhou o comandante.

Em 2007, João Chaves emigrou para França, onde terá integrado a Legião Francesa.

Se o corpo de João Chaves for recuperado, será cremado, disse a família, e haverá homenagens em Portugal e em França.

A agencia Lusa contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, aguardando ainda uma resposta, e a embaixada da Ucrânia em Portugal, que disse não ter informações sobre este caso.



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