A Federação Distrital de Bragança do PS considerou hoje "mais um embuste matreiro" do Governo o anúncio do primeiro-ministro de que pretende retomar as obras no Túnel do Marão ainda durante o primeiro semestre.
Os socialistas de Bragança exigem "factos concretos" e "medidas calendarizadas", argumentando que "chega de intenções demagogas e estéreis", lê-se num comunicado enviado à Lusa e assinado pelo presidente da federação distrital, Jorge Gomes.
A reação da distrital do PS surge depois de no sábado, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter avançado, em Bragança, que espera retomar "durante o primeiro semestre de 2014" as obras no Túnel do Marão, paradas há mais de dois anos.
"Choca a todos os transmontanos este desplante, esta falta de respeito, este branqueamento de inaptidão política e do erro passado, bem como da gritante miopia político-estratégica em nome do interesse nacional", considera o PS de Bragança.
Para o presidente da federação, o primeiro-ministro, "que apenas se lembra do Nordeste Transmontano quando vai a votos, ou para prejudicar as populações" que lá vivem, devia apresentar "factos concretos e medidas calendarizadas", em vez de, "com pezinhos de lã e grande ligeireza, vir aventar a possibilidade de durante o primeiro semestre de 2014 retomar as obras do Túnel do Marão".
"Chega de mãos cheias de intenções demagogas e estéreis no que representam mais um embuste matreiro deste Governo à região, aos portugueses, aos investidores internacionais, que já não acreditam num Governo cuja agenda se centra em malabarismos de gestão de ciclos eleitorais e não no que de facto importa, que é a criação de condições para o desenvolvimento da região e do país", lê-se no comunicado.
A Federação Distrital de Bragança do PS "considera uma deplorável falta de respeito o facto de, por motivos estritamente eleitoralistas, o primeiro-ministro deste país, com um populismo desmensurado, desrespeitar a dignidade de todos os Transmontanos".
Os trabalhos da autoestrada do Marão, entre Vila Real e Amarante, que inclui o túnel, estão parados há mais de dois devido a dificuldades financeiras do consórcio construtor, liderado pela Somague.
Depois de quase dois anos de obra parada, em junho de 2013, o Estado rescindiu o contrato de concessão do Túnel do Marão invocando justa causa fundada no incumprimento por parte da concessionária Autoestrada do Marão e resgatou a obra.
Entretanto a concessão da autoestrada passou para as mãos da EP - Estradas de Portugal.
Em agosto, o presidente da EP, António Ramalho, afirmou que seriam precisos mais dois anos e 150 milhões de euros para concluir a Autoestrada do Marão.
Segundo explicou na altura, para os trabalhos avançarem, será necessário abrir um novo concurso público internacional, que -- calculou - demorará pelo menos um ano.
Depois, de acordo com o presidente da EP, serão ainda precisos mais "oito a nove meses para concluir a obra".