Portugal é há muito um país de emigrantes. Costuma dizer-se que os portugueses são dez milhões em Portugal e cinco milhões no estrangeiro.

Nos últimos anos, o número dos que deixam o nosso país à procura de trabalho noutras paragens tem aumentado. Segundo o relatório da OCDE ontem divulgado, todos os anos são 70 mil os portugueses que partem em busca de oportunidades profissionais no estrangeiro. Já o Instituto de Emprego e Formação Profissional contabilizou 150 mil portugueses emigrados em 2011.

Independentemente do número, o certo é que, no ano passado, os fluxos migratórios voltaram a aumentar na Europa, fruto da crise e do aumento do desemprego, o que é geralmente visto como um mau sinal.

No entanto, os fluxos migratórios tendem a reequilibrar os mercados de trabalho e são o escape das economias em períodos de crise ou de abundância. E, na realidade, não existe nada de mal em ter emigrantes, calcula-se que existam cerca de 215 milhões de emigrantes, correspondentes a 3% do total da população mundial, que geram, anualmente, perto de 400 mil milhões de dólares de receitas, dos quais perto de 75% são devolvidos, em remessas, aos países de origem.

A economia portuguesa já dependeu das verbas enviadas pelos seus emigrantes, que chegaram a representar 10% do PIB no final da década de 1970, e depois de vários anos em que foram perdendo importância, eis que nos primeiros quatro meses deste ano elas voltaram a aumentar. Pode não ser agradável, mas o facto é que o acto de emigrar é normal, sobretudo em espaços económicos integrados, como os Estados Unidos ou a União Europeia, pelo que nos temos de habituar a ver partir muitos dos nossos para outros países e, provavelmente, cada vez mais cedo.



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Relatório da OCDE

António Branco contesta