A decisão do Governo de encerrar o Observatório da Emigração, hoje conhecida, é «um erro estratégico» e «um recuo enorme», considera o deputado socialista e anterior responsável pela pasta, António Braga, noticia a Lusa.

O actual secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, anunciou esta sexta-feira que o Observatório da Emigração vai desaparecer e que as suas funções passarão para a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP).

A observação das tendências da emigração passará a ser feita no âmbito da DGACCP, «com acordos pontuais com instituições universitárias», disse José Cesário, considerando que «é mais fidedigno um trabalho feito com várias instituições do que este modelo».

O Observatório da Emigração foi criado em 2008, com base num protocolo entre a DGACCP e o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE ¿ Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).

A cooperação com o ISCTE «permitia utilizar o conhecimento e o património» deste instituto, considerado «por quem sabe destas matérias a instituição de referência em Portugal», a troco de «um orçamento diminuto», contrapõe António Braga, que assinou o protocolo até agora em vigor, com um custo anual de cerca de 75 mil euros.

O ISCTE, avalia o ex-governante, oferecia garantias de «independência e isenção na leitura e na apresentação dos fluxos migratórios» e o fim desta colaboração significa «um recuo enorme» para o «acompanhamento sistemático» dos fluxos migratórios.

Esta decisão do Governo «acentua uma linha de abandono das pessoas, também num momento difícil, em que os fluxos migratórios são mais intensos, em que era mais importante ainda conhecer destinos, conhecer ambições, conhecer a realidade da deslocação de pessoas e famílias», sustenta António Braga.



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