João Maria Cabral, director-geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, avisou que ia ser «provocatório».
Na senda do que já tinha dito o primeiro-ministro, Passos Coelho, afirmou: “não pretendo fazer o branqueamento do fenómeno social, mas a emigração pode ser vista como algo positivo e enriquecedor”, disse esta terça-feira no seminário Novas dinâmicas migratórias internacionais: Portugal no contexto dos países da OCDE, em Lisboa. “A emigração pode oferecer mais do que as remessas”, disse o responsável do Governo, acrescentando que “há que eliminar o estigma do fenómeno migratório e retirar dele riqueza”. O responsável referia-se à saída de jovens qualificados que não encontram emprego em Portugal.
Tentava assim contrariar o discurso que se refere ao fenómeno “como a sangria da juventude na qual o país tanto investiu”, dizendo que a saída “pode ser uma mais-valia. O país não tem que prescindir desses profissionais. A sociedade tem a ganhar com os conhecimentos e experiência e redes que se estabelecem”, disse no seminário organizado pela Fundação Luso-Americana. “A emigração pode oferecer mais do que as remessas dos emigrantes”, acrescentando que “há que eliminar o estigma do fenómeno migratório e retirar dele riqueza”. João Maria Cabral admite que este tipo de considerações “não se aplica a todo o tipo de emigração” , que em muitos casos “pode ser negativa e por vezes trágica”.
Neste contexto, cabe às autoridades continuar “a assegurar a ligação com o país de origem, garantir que o sentimento de pertença se mantém”, fazendo “um acompanhamento do emigrante”. João Maria Cabral diz que o Governo atribui importância à diáspora tendo um elemento vocacionado para esta questão e o facto de quatro deputados serem escolhidos pelos portugueses a viver no estrangeiro.
Em Janeiro, Pedro Passos Coelho, disse que a emigração não deve ser como um “estigma” para quem precisa de um emprego e não consegue encontrá-lo em Portugal. O responsável referiu ainda dados sobre o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre Perspectivas das Migrações Internacionais 2013, que dá conta de que Portugal é um dos países daquela organziação com maior taxa de emigração, está em 14.º lugar naquele universo que inclui 40 países.
Questionado, Jean-Christophe Dumont, director da Divisão de Migração Internacional da OCDE, admitiu que, nos tempos de crise que se vivem, a emigração poder ser vista como uma alternativa. “Em vez de se ficar dez anos à espera de um emprego sem usar capacidades adquiridas durante a formação pode ter que se emigrar”. “Quando as oportunidades económicas voltarem, estas pessoas podem pensar em Portugal como uma oportunidade, desde que sejam mantidos os elos. Se bem gerida, a emigração pode ser uma oportunidade”, sublinha.