A afluência aos postos de combustível em Vila Real tem aumentado com a proximidade da greve dos motoristas, marcada para segunda-feira, e as filas são engrossadas com os muitos emigrantes que estão de férias no território.
A três dias da greve convocada por tempo indeterminado, alguns automobilistas abastecem em Trás-os-Montes por necessidade imediata e outros por precaução.
“Abasteci porque preciso, mas já estou com medo da greve porque temos que ir embora no meio da próxima semana e não sei o que esta greve vai dar”, afirmou Maria Irene à agência Lusa
Esta emigrante em França disse estar “muito preocupada” com as notícias e até já decidiu “anular” todas as voltas que tinha previsto dar em Portugal e permanecer “quietinha” na aldeia de Paredes do Pinhão até regressar ao país onde vive.
Encheu o depósito todo para “estar mais segura” e reconheceu estar surpreendida com a fila que encontrou no posto de combustível de um supermercado.
“Nunca tinha visto isto em Portugal e ainda estamos a três dias da greve. O que será quando chegar o dia dela”, questionou.
Luís Pinto, residente em São Martinho de Anta, no concelho de Sabrosa, costuma ir às compras a Vila Real às sextas-feiras e aproveita para abastecer. Hoje, por precaução, colocou mais combustível do que é normal.
“Isto é tudo uma novela, há gasóleo para toda a gente. As pessoas atestam, levam jerricãs, é tudo uma loucura. Já da outra vez foi a mesma coisa e houve gasóleo para toda a gente”, salientou.
Óscar Quinteiro ainda tinha o “depósito meio”, mas aproveitou “para encher”.
“Esta greve é uma loucura do sindicato”, considerou.
Manuel Augusto veio comprar uma alfaia agrícola e abastecer a carrinha de trabalho: “Os outros carros já estão cheios. Para a semana vou de férias e se for preciso tiro dos carros grandes para o ligeiro e estou sempre servido”, salientou.
Emigrante em França, Jacinto Moura meteu hoje combustível porque estava mesmo a precisar e disse não estar “nada preocupado” com a greve.
“Estou habituado a isto. No estrangeiro estamos habitados a isto. Em França, a cada passo há estas greves assim, por isso, isto não muda em nada o nosso dia a dia”, referiu.
Nuno Vieira, responsável pelo posto de abastecimento daquele supermercado, disse à Lusa que a afluência de automobilistas tem aumentado muito nos últimos dias e que as “filas se têm mantido quase a semana toda”.
“No mês de agosto já costumamos ter mais afluência por causa da época e do regresso dos emigrantes, mais agora com a agravante do pré-aviso de greve. As pessoas estão a precaver-se caso ela vá para a frente”, salientou.
Nuno Vieira disse que tem notado que as pessoas “andam um pouco assustadas” porque “pensam que pode acabar o combustível”, mas lembrou que os “serviços mínimos estão garantidos” e que, para Vila Real, estão previstos três locais destinados à REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimento .
“Tudo isto pode criar um grande constrangimento às pessoas e às empresas que precisam dos veículos para trabalhar”, considerou.
Neste posto houve um reabastecimento hoje, pelas 11:00, com 32 mil litros de combustível, estando previstas mais descargas para sábado e segunda-feira.
A greve que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que acusam a associação patronal Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
O Governo decretou na quarta-feira serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias, bem como o estado de emergência energética.