A ideia é defendida pela chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Manuela Bairos sublinha, no entanto, que se for registada uma saída em massa os «sectores mais dinâmicos da economia» vão ficar «desguarnecidos».
A emigração é uma característica de Portugal e pode não ser um mal mas uma oportunidade, afirma a chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas no encontro de agentes sócio-pastorais das migrações, que decorre em Fátima.
Manuela Bairos lembrou a tradição portuguesa de procurar novos caminhos e que justifica a ocupação da 21ª posição da tabela da OCDE dos países que têm mão de obra qualificada a emigrar.
Embora para alguns, a emigração continue a representar sofrimento, para os jovens qualificados esta pode ser uma oportunidade. Manuela Bairos lembra que actualmente não é tão dramático emigrar como há décadas já que, principalmente na União Europeia, os países respeitam os direitos dos emigrantes e programas como o \"Erasmus\" estimulam a mobilidade dos jovens.
“Em reduzidos números, não é grave. Se tivermos 100 pessoas a saírem por ano não é grave. Realmente, se saírem em massa, aí acaba por esses sectores mais dinâmicos da economia ficarem desguarnecidos em Portugal. Claro que nós hoje temos muita gente qualificada a emigrar, porque nós temos mais gente qualificada hoje em dia do que tínhamos há 30 anos”, afirma Manuela Bairos.
Salientando que a chamada “fuga de cérebros” não é de agora, a chefe de gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas lembrou a responsabilidade dos jovens licenciados na criação de emprego e defendeu a aposta na revitalização dos sectores tradicionais.
“São estas pessoas que têm a obrigação de criar uma nova atitude e de, ao acabarem o curso, fazerem um esforço para criarem emprego para os outros que não estudaram. As pessoas têm de aprender a trabalhar em conjunto, têm que aprender que o Estado não tem emprego para todos. Acho que temos de voltar a coisas reais, voltar à natureza, à agricultura, às pescas, e fazer com que as pessoas tenham gosto por esses sectores.”
Manuela Bairos defendeu ainda a importância da promoção de iniciativas com os emigrantes portugueses para a preservação da sua identidade cultural.