O bairro social das Alagoas, Régua, vai ficar de «cara lavada» após obras de reabilitação do edificado no valor de cerca de 1.7 milhões de euros, anunciou hoje a autarquia.
O vereador da Câmara da Régua Mário Montes disse à agência Lusa que a intervenção física nos blocos habitacionais das Alagoas, bairro onde se registaram vários problemas de integração social, vai ter início em Novembro.
O auto de consignação da empreitada de requalificação dos edifícios daquele bairro realiza-se quarta-feira numa cerimónia que conta com a presença do secretário de Estado do Ordenamento do Território.
O bairro, construído no final da década de 1970 para alojar as vítimas das cheias da Régua, foi sempre visto com atenção especial por parte da autarquia.
Segundo o vereador, vão ser reabilitadas os telhados, melhorado o isolamento térmico e reparadas as caixilharias, escadarias e o sistema eléctrico das 175 habitações.
Estas obras visam complementar as intervenções que decorrem no âmbito do projecto «Velhos Guetos, Novas Centralidades», aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e que incide na integração social das famílias, algumas de etnia cigana, e tentativa de resolução dos problemas mais proeminentes, como o consumo de álcool e droga.
No âmbito deste projecto foram já gastos cerca de um milhão de euros na requalificação da envolvente das habitações, com a renovação do sistema de esgotos domésticos e de drenagem pluvial, iluminação pública, áreas de estacionamento, percursos pedonais e pavimentação, zonas de recreio, campo de jogos, enquanto as zonas verdes vão ser alvo de uma requalificação.
Nas Alagoas já foram investidos 1,7 milhões de euros, verba comparticipada em 85 por cento por fundos EFTA (instrumento financeiro do Espaço Económico Europeu), ao abrigo do programa de reabilitação «Velhos Guetos, Novas Centralidades».
Este projecto está a ser desenvolvido desde Janeiro de 2005 e termina em Março do próximo ano.
Uma equipa de seis elementos está no bairro a promover a sua recuperação social e o cenário que afirma ter encontrado é de famílias em acentuado processo de desestruturação, com consumo de álcool e drogas, tráfico de armas e de substâncias ilícitas que impossibilitam a construção de um projecto de vida saudável.
Para o desenvolvimento comunitário de Alagoas, onde se verificam laços precários com o mercado de trabalho, associados a abandono escolar precoce e reduzido nível de escolaridade, está a ser promovida a qualificação profissional dos moradores.
Foram já realizados cursos profissionais nas áreas da jardinagem, cabeleireiro e calcetagem, entre outros.
Com o objectivo de aproximar as duas comunidades, a minoria cigana e a maioria não cigana, foram constituídos grupos de futebol, teatro, danças latinas, hip-hop, africanas e dança «gipsy» para crianças e adultos.
Mário Montes salientou os resultados «positivos» resultantes do projecto pois, na sua opinião, a população do bairro está mais «integrada, participativa e confiante».
Este projecto tem tido a participação activa do município de Peso da Régua, do Centro Distrital da Segurança Social e do LNEC, e orienta-se para a constituição de uma rede sólida de parceiros que acompanham o bairro na fase pós projecto.
Devido à dimensão do bairro, este merece uma atenção especial por parte da GNR, estando as intervenções efectuadas neste bairro ainda associadas ao tráfico e consumo de estupefacientes e casos de agressões verbais e físicas.
Os problemas das Alagoas não estão apenas relacionados com a droga, mas também com a violência.
No dia 15 de Maio de 2001 um tiroteio entre duas famílias provocou a morte a duas mulheres.
Aproveitando a presença do secretário de Estado na Régua, a autarquia vai ainda apresentar o «Estudo Prévio do Plano de Pormenor de Caldas de Moledo», que foi elaborado pelo Gabinete Técnico Local.
Este plano de pormenor pretende ser, segundo o vereador, um instrumento de planeamento com o objectivo da requalificação urbana das Caldas do Moledo, onde existem diversos edifícios de grande valor patrimonial e histórico, bem como um parque termal, um parque de lazer e um cais fluvial, que se tem vindo a «degradar e a desertificar».
Neste local encontram-se o Palacete da Ferreirinha, o hotel antigo e casino, edifícios do século dezanove que se encontram abandonados.
A recuperação do Moledo insere-se numa «estratégia de planeamento» que a autarquia quer implementar no concelho.
Para o efeito, estão também a ser elaborados os planos de pormenor de Covelinhas, da antiga fábrica da Milnorte, junto ao rio Douro, e o plano de urbanização da zona marginal cidade da Régua.