Em Portugal, as unidades produtivas do grupo holandês Lankhorst Euronete estão sediadas na Maia, em Boticas e em Murça. Após ter investido na Maia - distrito do Porto - o grupo decidiu \\"arriscar\\" no interior do país. A escolha recaiu em Boticas, no ano de 1996, uma unidade que dá emprego a cerca de 140 pessoas. E graças aos \\"bons resultados\\" verificados em Boticas, o grupo decidiu investir em Murça. O projecto começou a desenvolver-se em 2001, ainda o presidente da Câmara de Murça era José Gomes. Esta fábrica acabou por ser muito debatida na campanha eleitoral, porque, segundo o actual presidente da autarquia, João Luís Teixeira, \\"não havia grandes dados sobre o que seria aqui feito\\". No entanto, o autarca diz que, após uma conversa com a presidente do Conselho de Administração da Cerfil, Lurdes Gramacho, \\"acreditou logo no projecto\\".
A Cerfil dedica-se à fabricação de produtos de cercado (fios colocados à volta dos campo para delimitar terreno onde haja gado). Este produto destina-se apenas a exportação, pois em Portugal não existe mercado para ele. Estados Unidos, Canadá e Europa Central são os maiores \\"clientes\\". A produção anual da unidade de Murça, que se encontra numa primeira fase, ronda as 500 toneladas. Em termos de vendas, situa-se nos dois milhões de euros anuais.
A unidade da Cerfil situada em Murça começou a laborar em Agosto com apenas um turno de sete horas e meia. Neste momento emprega 20 pessoas e funciona com três turnos, parando apenas ao fim-de-semana. No entanto, Lurdes Gramacho avança que a empresa está a pensar em aumentar o número de funcionários \\"em meados do próximo ano\\".
\\"Estamos muito satisfeitos com a performance da fábrica, com o nível dos trabalhadores que temos ao nosso serviço, que são muito empenhados, com boa formação de base e muito aplicados\\", explica a responsável. Este foi outro dos motivos que levou a Cerfil a investir em Trás-os-Montes, apesar de \\"não ter ajudas nesse sentido, visto não existir qualquer tipo de apoio para as empresas que queiram investir no interior do país\\" , sublinhou Lurdes Gramacho.
O presidente da Lankhorst Euronete, Rudy Seinen, esteve em Murça para \\"ver com os seus próprios olhos\\" os investimentos que o grupo que dirige está a fazer na região. O dirigente disse que, após uma \\"boa experiência\\" de Boticas, e caso em Murça aconteça o mesmo, serão feitos outros investimentos nesta região. \\"Acreditamos muito no interior do país e compete a cada um de nós combater a sua desertificação\\", sublinhou Lurdes Gramacho. No entanto, esta responsável lamenta \\"a lentidão na burocracia para a implementação de projectos e a falta de qualidade de algumas infra- -estruturas, como é o caso da corrente eléctrica, que falha muitas vezes\\".