A Savannah Lithium apresentou ontem em Covas do Barroso, Boticas, um projeto de exploração mineira que prevê um investimento inicial de 100 milhões de euros e 300 empregos diretos, mas que está a ser contestado pela população.

A empresa realizou uma sessão de esclarecimentos na freguesia onde pretende avançar com uma mina a céu aberto para extração de espodumena (mineral), de onde será retirado o lítio, e o salão da Casa do Povo de Covas do Barroso encheu-se, entre residentes e emigrantes.

No final de mais de três horas de debate, o presidente da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), Nelson Gomes, disse manter as “principais preocupações” com a mina projetada para a sua terra.

João Barros, gerente da Savannah Lithium Portugal, referiu que, neste momento, está em curso a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o qual deverá estar concluído até ao final do ano, e adiantou que a intenção da empresa, se tudo correr bem, é começar a exploração no final de 2020.

No local, segundo o responsável da empresa, as prospeções revelaram uma reserva de “27 milhões de toneladas de espodumena, com um teor médio de 1,06% de lítio por tonelada”.

“Neste momento, para as reservas que temos, o investimento é de cerca de 100 milhões de euros”, salientou.

Para a exploração, a empresa prevê construir uma estrada alternativa, para diminuir o impacto junto da população pela passagem das máquinas e camiões, e explicou que vai transportar o minério para o porto de Leixões, de onde será exportado, numa fase inicial, para a China.

De acordo com João Barros, conjuntamente com o Governo está a ser equacionada a construção de uma refinaria que, se se concretizar, deverá ficar instalada na zona do Porto.

A empresa prevê a criação de 300 postos de trabalho diretos e cerca de 600 indiretos.

O gerente adiantou que serão pagos mais de “258 milhões de euros em ‘royalties’ ao Estado em impostos e encargos gerados com o projeto”, parte dos quais poderá reverter também para o município.

O responsável da Savannah Lithium Portugal disse que a empresa quer iniciar “a negociação das medidas de compensação” e referiu que o objetivo da sessão  foi precisamente “aproximar a empresa da comunidade”.

Para lutar contra a mina e alertar para os impactos decorrentes de uma exploração a céu aberto, foi criada em 2018 a Associação UDCB.

Nelson Gomes elencou aos jornalistas preocupações relacionadas com a “dimensão da mina” e com os impactos ambientais.

“Continuamos a não saber o que vai acontecer às nossas águas, o que vai ser da nossa qualidade de vida, a poeira que vai estar no ar, os impactos sobre os solos e de que maneira tudo isto vai ser mitigado. Continuamos sem respostas”, afirmou.

O responsável da associação garantiu que a “maior parte da população está contra” o projeto e referiu que esta sessão só teria sentido agora, no mês de agosto, porque é a altura em que muitos emigrantes regressam à terra natal.

Nelson Gomes disse acreditar que ainda “é possível travar a mina” porque é um “projeto megalómano que não se integra nesta região” classificada como Património Agrícola Mundial em 2017.

“A qualidade de vida é bem mais importante que o dinheiro”, frisou.



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