A produtora de vinhos do Douro Quanta Terra celebra os seus 25 anos com a exposição “Técnica Ancestral”, que inclui uma obra de Vhils, e projeta a construção de uma adega, em Favaios, no concelho de Alijó.

Criada em 1999 pelos enólogos Celso Pereira e Jorge Alves, a Quanta Terra adquiriu uma antiga destilaria da Casa do Douro, em Favaios, para ali construir uma adega, mas o edifício, que abriu em 2022, acabou por se transformar num espaço multicultural, onde os enólogos promovem exposições, concertos, fazem o envelhecimento de vinhos e provas.

“Tentamos, e fazer isto no Interior não é fácil”, conciliar a arte e o vinho”, afirmou hoje à agência Lusa Celso Pereira.

Agora, adiantou o enólogo, a empresa quer construir uma nova adega, construída de raiz num terreno próximo, com o projeto já aprovado e um investimento previsto de cerca de 200 mil euros.

“Contudo, vamos continuar a privilegiar o trabalho de seleção de uvas, o trabalho que nós temos há mais de 25 anos com os mesmos lavradores”, sublinhou.

A Quanta Terra não tem vinha própria e trabalha com 25 produtores do planalto de Favaios e do vale do Tua.

Na sexta-feira, dia em que celebra 25 anos, inaugura a exposição “Técnica Ancestral”, da plataforma cultural Underdogs, com 12 quadros, um dos quais assinado por Alexandre Farto (Vhils), o pintor e grafiteiro português que é conhecido pelos seus "Rostos" esculpidos em paredes.

A obra que vai estar em destaque é também de um rosto, mas esculpido numa “parede” feita com uma sobreposição de cartazes.

Depois de Joana Vasconcelos, protagonista na inauguração do espaço, a nova mostra conta ainda com obras de Pedrita Studio, PichiAvo, Raquel Belli e Vasco Maio.

As peças estarão espalhadas pela antiga destilaria onde ainda se pode ver e entrar nas cubas de cimento onde era rececionado o vinho.

“Tal como a produção de vinhos, a manifestação artística dos seres humanos também está presente desde os primórdios da sua existência. Nesta exposição selecionamos obras e artistas que referenciam o passado, tanto na técnica como no conteúdo das obras. Eles revisitam essas referências e contextualizam-na no mundo atual”, adiantou, citada em comunicado, a Underdogs Gallery, curadora da exposição.

No mesmo dia, é realizada a conferência “Vinho e Cultura: estratégias para valorização do Interior”.

“Nós vivemos constrangimentos muito grandes no Douro, temos falta de mão de obra, os custos de produção são elevados, o mercado está em contração e precisamos de infletir este desequilíbrio que existe no país, entre o Interior e o Litoral. Pretendemos chamar a atenção da realidade que se está a passar no Douro”, realçou Celso Pereira.

Relativamente ao trabalho com os viticultores durienses, Celso Pereira sublinhou a “relação muito próxima”.

“E que faz com que nós possamos construir e lançar para o mercado produtos com muita qualidade e inovadores”, acrescentou.

O enólogo exemplificou com o lançamento, nos últimos cinco anos, de um vinho rosé feito com a casta pinot noir plantada no planalto ou um vinho branco com seis anos de estágio em barrica.

“Temos vindo sempre a inovar, preservando a nossa identidade”, frisou, anunciando para este ano o lançamento de duas colheitas “especiais”, um branco de 2007, que esteve em barrica até ao engarrafamento em 2024, e um espumante da casta pinot noir.

A produção média anual ronda as 60 a 70 mil garrafas e as exportações representam 35% do negócio da empresa, com vendas para os Estados Unidos, Brasil, Alemanha, Suíça, Suécia e Singapura.

Também atingida pela redução das vendas de vinho, que tem atingido todo o setor, a Quanta Terra quer reforçar o mercado nacional, aumentar as exportações e explorar novos mercados.

No espaço da antiga destilaria abriu também um ‘wine bar’, que concilia o vinho e a gastronomia da região e, segundo o enólogo, os visitantes têm aumentado após a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia.



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