O Diário de Trás-os-Montes acompanha na íntegra o Presidente da República nas 15 iniciativas ao longo de dois dias e meio, mas hoje, em Sabrosa, juntou-se à película um outro protagonista, José Sócrates.
Depois de ter espalhado charme por terras do Alentejo, o segundo “Portugal Próximo” trouxe o Presidente da República (PR) ao norte do país, num conjunto de visitas dedicadas ao Douro e a Trás-os-Montes.
São 15 iniciativas em dois dias e meio de programa. O primeiro, dedicado ao Douro e distrito de Vila Real, começou com Marcelo Rebelo de Sousa em Santa Marta de Penaguião, onde visitou antigas escolas transformadas em habitações sociais. Nas declarações prestadas à Comunicação Social, o PR sublinhou que é absolutamente necessário aproveitar o dinheiro que virá de Bruxelas até 2020 para alavancar a região.
“Acho que esta é uma ocasião única porque vem aí mais dinheiro de Bruxelas, o chamado Portugal2020. Porquê esse nome? Porque é até 2020 e eu concordo que deve haver uma unidade de missão”, sustentou Marcelo, esta manhã, tendo tido o discurso como cenário de fundo o próprio rio.
Já próximo da hora de almoço e acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Rui Santos, o governante esteve no recém-criado Centro de Excelência da Vinha e do Vinho no Regia-Douro Park, onde assinalou o lançamento de vinhos de autor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Enquanto provava um vinho desenvolvido por enólogos formados pela UTAD e em cujo rótulo, a composição do vinho caraterizado pela palavra “austeridade” semeou o riso entre os presentes, Marcelo aproveitou o “clima” para reforçar a importância da investigação e do desenvolvimento no aumento da competitividade da fileira vitivinícola e de toda uma nova geração de empresários que apostou em desenvolver a sua atividade no interior. Depois da Plataforma de Inovação da Vinha e do Vinho, seguiu-se o almoço que lacrou a visita à cidade de Vila Real, mas não ao distrito.
Já ao início da tarde, pelas 15 horas, o momento do dia. Na inauguração do Espaço Miguel Torga, de entre a multidão surgiu um convidado “especial”. José Sócrates, a convite do edil de Sabrosa compareceu numa infraestrutura que o próprio tinha apadrinhado enquanto ainda exercia funções de primeiro-ministro. Marcelo, sem nunca perder a compostura, exibiu, mais uma vez, o seu fairplay e os atributos de comunicador hábil e cativante que o povo lhe atribuiu. Ao não ignorá-lo, o PR jogou bem, jogou limpo e deu o exemplo com a sua atitude benevolente, mostrando porque é considerado o presidente dos afetos.
Marcelo fez o contrário daquilo que se esperava, cumprimentou-o e fez mais, deu-lhe os parabéns pelo seu contributo na concretização da obra onde ambos se encontravam. “Fica muito bem ter gratidão por quem merece”, assinalou o “professor”, a quem Sócrates desejou boa sorte, já depois de ter, também ele, agradecido ao PR por marcar presença na inauguração de um edifício, cuja projeção se reveste de uma importância assinalável para o município
Pelas 17 horas, foi a vez de Boticas ver inaugurado o seu Lar de Grandes Dependentes da Santa Casa da Misericórdia, onde Marcelo satisfez novamente a carência afetiva das objetivas ao partilhar o momento com Aurora, uma idosa de 101 anos, que vive naquele lar há quatro.
Sucedeu-se uma visita protocolar ao Regimento de Infantaria nº 19 em Chave, findando o dia pelas 20h30 com a tão ansiada inauguração do Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, onde Marcelo R. de Sousa descerrou a placa do novo museu, que acolhe, em estreia, a exposição de um artista flaviense.
Concebido por um dos maiores nomes do panorama arquitetónico nacional, Siza Vieira, e orçado em 8 milhões de euros, financiados a 85 por cento por fundos comunitários, esta construção, que começou em 2011, reúne o espólio do artista da terra, Nadir Afonso, retratando-o não só como pintor, mas, também, como filósofo.
O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso irá abrir as suas portas ao púbico já esta sexta-feira, dia 8 de julho, data em que se assinala o Dia do Município de Chaves.
Possíveis sanções da Comissão Europeia na ordem do dia
À margem da visita a Trás-os-Montes, o Presidente da República afirma não acreditar que a Comissão Europeia corte o acesso de Portugal a fundos europeus e que tão pouco seria sensato aplicar uma punição que fosse prejudicar toda a Europa, no entanto, admite, “apenas”, uma “sanção simbólica”.
“Eu acredito que a justiça pode prevalecer e se prevalecer não há sanções”, acrescentando, “aplica-se uma sanção simbólica, só para dizer que se aplica”, ironiza Marcelo R. de Sousa.
O PR, que não acredita que haja cortes de fundos em qualquer dos países da península ibérica, assevera, ainda, que “cortar fundos a Portugal e Espanha é estar a criar mais dificuldades à própria Europa e como ninguém é tão insensato” a esse ponto, entende que “qualquer que seja a decisão”, não haverá cortes.
Facto é que a Comissão Europeia está dividida. Enquanto alguns responsáveis como, por exemplo, o comissário europeu Guenther Oettinger, em declarações prestadas ao Jornal Bild, defendem mão pesada sobre os infratores e que a não aplicação de sanções irá minar a credibilidade europeia, outros há que defendem uma política sobre as regras orçamentais mais flexível, insurgindo-se contra a ideia de sanções serem aprovadas contra Portugal e Espanha.
Mas a verdade é que até aos dias de hoje, nunca foram aplicadas sanções na Europa por incumprimento da meta do défice. E para espanto de muitos, foram já bastantes os que não cumpriram as regras impostas pela União Europeia. Só em 2013, aquando do Pacto Orçamental, oito países ultrapassaram o limite de 3 por cento de défice e nenhum foi punido.
De destacar, ainda, que a França ao longo de todos estes anos nunca cumpriu quaisquer limites orçamentais impostos, no entanto o país jamais foi alvo de sanções ou sequer comentários menos positivos da Comissão Europeia. Uma retórica que ultimamente tem suscitado um frenesim nos corredores do poder político. Teóricos e especialistas questionam se esta é a Europa que se pretende no futuro: uma Europa com dois pesos e duas medidas? Uma Europa com dois tipos de justiça? Uma justiça para os países pequenos e pobres e outra para os países grandes e ricos?
Programa de 5 de Julho (distrito de Bragança)
10h30 - Visita aos Bombeiros Voluntários de Bragança
11h30 - Visita ao Museu do Abade Baçal – Bragança
12h30 - Visita ao Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança seguida de almoço
15h30 - Visita à SousaCamp – Vila Flor
17h - Visita a Alfandega da Fé
20h - Jantar na Adega Cooperativa de Freixo de Espada a Cinta Quarta-feira,
Galeria fotográfica com o primeiro dia de visita do PR a Trás-os-Montes em: http://www.diariodetrasosmontes.com/fotogaleria/marcelo-portugal-proximo...