A Associação de História e Arqueologia de Sabrosa (AHAS) debate em junho o estado da cultura e do património, iniciativa que inclui uma homenagem ao historiador Marc Bloch e termina com a celebração do solstício de verão.
O primeiro “Encontro de História, Arqueologia, Património Cultural e Comunicação da AHAS" decorre entre 19 e 21 de junho, em Sabrosa, no distrito de Vila Real.
“Vamos discutir quais são os problemas atuais relativos à preservação do património, não só do património histórico, mas também ambiental, imaterial e a abordagem que os meios de comunicação têm sobre questões de valorização e preservação do património”, afirmou hoje à agência Lusa Gerardo Vital Gonçalves, da AHAS, salientando que estarão presentes participantes de vários países europeus.
Segundo o responsável, a AHAS decidiu, no âmbito do aniversário celebrado a 16 de junho, 79 anos após a morte do historiador Marc Bloch, honrar a memória de um dos “mais importantes humanistas do século XX na Europa”, uma iniciativa que conta com a presença da sua neta, a jornalista Suzette Bloch.
Trata-se, segundo a associação, de um “homem que partilhou o mundo académico com a participação cívica e a luta pela libertação do seu país, participando, surpreendentemente, nas duas grandes guerras que marcaram o século XX na Europa”.
No dia 21 de junho decorrerá o Festival do Solstício de Verão, um evento que se realizará no sítio arqueológico da Necrópole Medieval de Touças, na aldeia de Garganta, em São Martinho de Anta, Sabrosa.
Este evento terá início às 05:30 com a apresentação da peça de teatro "No caminho do Druida...", seguindo-se a observação astronómica do nascer do sol e a relação deste evento com as estruturas arqueológicas identificadas e estudadas.
Esta iniciativa que se repete desde 2019, segundo Gerardo Vital Gonçalves, “atrai a cada ano mais participantes” e tem como objetivo divulgar o património arqueológico de Sabrosa.
“Quanto mais divulgarmos os sítios, mais os protegemos”, defendeu.
A necrópole, também conhecida como “Cemitério dos Mouros”, situa-se junto a um antigo caminho rural que une os lugares de Garganta e Vilar de Celas, estando associada a um antigo povoado, constituído por cinco sarcófagos rupestres, uma sepultura rupestre geminada, um marco de demarcação da antiga Ordem Militar e Religiosa de Malta e mais de 90 ortóstatos ou pedras fincadas.
Quando Gerardo Vidal Gonçalves foi pela primeira vez às Touças viu sete pedras fincadas. Neste momento estão 108 pedras inventariadas e, neste verão, decorrerá ali mais uma campanha de escavações arqueológicas.
Depois, ao longo da manhã do dia 21 decorrerão vários ‘workshops’ e atividades no sítio arqueológico, no Centro Arqueológico e na aldeia de Garganta.
Este encontro internacional realiza-se no âmbito de um projeto europeu “Learning Villages ‘C’” (LVIN #C), coordenado pela AHAS, e que se centra, essencialmente, na “educação para o património” e envolve representantes de seis países.