O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) disse hoje que PS e PSD deixaram ter legitimidade para utilizar a criação de uma universidade na cidade como \"bandeira\", por incumprimento das promessas de fundar a nova instituição.
\"Ai do partido, PS ou PSD, que disser +vamos criar a universidade de Bragança+. Já não podem levantar esta bandeira porque deixou de o ser\", afirmou Dionísio Gonçalves, reempossado hoje para um terceiro mandato à frente do IPB.
Nos discursos da cerimónia fizeram eco as declarações do primeiro-ministro, Durão Barroso, sobre a criação de \"ensino universitário em Bragança até ao final da legislatura e a transformação da Escola Superior de Enfermagem em escola superior de Saúde, já no próximo ano lectivo\".
O anúncio feito pelo primeiro-ministro no III Congresso de Trás os Montes e Alto Douro, realizado há pouco mais de uma semana, decepcionou as entidades locais, inclusive dirigentes do PSD, que estavam à espera de que Durão Barroso confirmasse a promessa da passagem do IPB a universidade, feita quando era candidato a líder do Governo.
No entender do presidente do politécnico de Bragança, \"não tendo condições políticas para dizer o que pensava, o primeiro- ministro aproveitou para dizer que era por aqui (escola de saúde) que começava o ensino universitário\".
Porém, Dionísio Gonçalves considera que os cursos de saúde anunciados nada têm a ver com o ensino universitário e que irá passar mais uma legislatura sem ver concretizado o objectivo de que é o principal defensor: a passagem do Instituto Politécnico de Bragança a universidade.
O mesmo cenário já tinha ocorrido com o PS, que foi o primeiro partido a tomar a iniciativa parlamentar para a passagem do IPB a universidade, por intermédio do deputado eleito por Bragança Armando Vara.
Seguiram-se outras iniciativas parlamentares do PS e do PSD, que nunca chegaram a ser discutidas em plenário, assim como não tiveram continuidade ao nível dos executivos liderados pelos dois partidos, apesar de ambos incluírem esta matéria nos programas eleitorais.
O presidente do IPB defende, por isso, que \"o projecto da universidade de Bragança está esgotado sob o ponto de vista político e não pode ser mais apresentado como bandeira pelos partidos\".
Continua a ser, no entanto, o principal propósito da direcção do IPB para o novo mandato, que aposta na qualidade de ensino para alcançar este objectivo.
A estratégia passa, além da melhoria do ensino ministrado pela instituição, pela qualificação do corpo docente, que alcançará uma centena de doutoramentos, em 2005, segundo o presidente do politécnico.
O politécnico de Bragança tem conseguido superar a \"crise\" da diminuição de candidatos ao ensino superior, aumentando o número de alunos de ano para ano, com um total de quase seis mil no presente ano lectivo.
Do instituto fazem parte cinco escolas superiores com mais de 400 docentes a ministrarem 33 cursos.
Dionísio Gonçalves encontra-se à frente do IPB desde 1988, mas está ligado à instituição de ensino superior desde a sua criação, há quase 20 anos.