Dezenas de pessoas percorrem domingo, entre Montalegre e a Galiza, uma das rotas do contrabando que há cerca de 50 anos era atravessada, pela calada da noite, pelos contrabandistas carregados de bacalhau, bananas ou azeite.
A reactivação da rota do contrabando, ao longo de 11 quilómetros, entre Tourém e o Couto Misto, com passagem pela barragem de Salles - que separa Portugal de Espanha - é da responsabilidade do Ecomuseu do Barroso.
Um dos responsáveis do Ecomuseu, David Teixeira, disse à agência Lusa que o objectivo é que, em Setembro, no decorrer do Congresso de Medicina Popular de Vila Perdizes, seja inaugurada uma segunda rota do contrabando.
Este segundo percurso, com 12 quilómetros, ligará Vilar de Perdizes a Videferre e pretende-se que venha a ter como guias os populares que, há décadas atrás, o utilizavam para contrabandear os mais diversos produtos.
«Nestas aldeias a maior parte da população dedicava-se ao contrabando para ter uma vida melhor», salientou o responsável.
Segundo disse, os contrabandistas traziam de Espanha bacalhau, bananas ou azeite e levavam para o outro lado da fronteira café e volfrâmio.
Também o presidente da Junta de Freguesia de Vilar de Perdizes, João Santos, ainda recorda os tempos em que «70 a 80 por cento» da população da sua aldeia «dependia do contrabando».
«Havia os que mandavam, os que tinham os burros que carregavam os materiais, e os que andavam à jeira e viam no contrabando uma forma de ganhar mais dinheiro», salientou.
David Teixeira referiu ainda que se pretende criar em Vilar de Perdizes, aproveitando o edifício da escola que encerrou, um museu do contrabando.
Também em Tourém será criado numa antiga corte do boi um museu dedicado à fauna e flora da região.
Sábado, o Ecomuseu do Barroso promove as Carrilheiras de Barroso - IV Marcha de Montalegre onde, segundo o responsável, são esperadas cerca de 200 pessoas.
Os participantes poderão percorrer três circuitos diferentes, que feitos na totalidade atingem os 50 quilómetros, que os levarão por caminhos antigos de ligação entre aldeias e campos de cultivo e permitirão um contacto directo com o povo barrosão, e com os seus usos e costumes.