Equipa da VMER de Bragança homenageia os quatro colegas vítimas da queda do helicóptero do INEM com um minuto de silêncio, após um breve toque da sirene da ambulância, e a leitura de um poema de Miguel Torga.
 

Algumas corporações de bombeiros e equipas das 44 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) espalhadas um pouco por todo o país homenagearam esta terça-feira, dia 18 de dezembro, por volta das 19 horas, as vítimas do acidente do helicóptero em Valongo.

E a capital de distrito, Bragança, não foi exceção. Após um breve toque de dois ou três segundos da sirene da VMER, teve lugar um minuto de silêncio por parte dos profissionais do INEM, seguindo-se, ainda, a leitura do poema “Claro-Escuro” de Miguel Torga e de umas palavras dos colegas das quatro vítimas mortais.

“A maior parte dos profissionais de saúde que faz parte do INEM e não só, não se pode deslocar às homenagens nos funerais e esta é uma forma de demonstrarmos o nosso apoio, a nossa solidariedade para com as quatro vítimas do acidente”, começou por responder Elisa Tomé quando questionada sobre o porquê da homenagem.

A médica de Medicina Interna que integra a equipa do Heli3 desde 2008 é perentória em afirmar que “é transversal a todo o Portugal alguma consternação em relação ao que aconteceu, não é suposto pessoas que vão salvar os outros perderem a vida desta forma”.

Também Rui Terras, médico da VMER de Bragança, marcou presença no heliporto do hospital nesta sentida homenagem aos seus colegas que perderam a vida. “Nós revemo-nos nessa homenagem que as outras viaturas estão a fazer, mas estamos a fazê-lo com um sentimento próprio na perspetiva de que acaba por existir um espírito comum de coesão, de tristeza, mas onde se mantém bem vigentes os princípios pelos quais nós trabalhamos na emergência médica que é em prol do próximo”, referiu o profissional em entrevista à Comunicação Social, que integra uma vasta equipa constituída, sensivelmente, por 24 médicos e o mesmo número de enfermeiros.

De sublinhar, ainda, que esta segunda-feira à tarde, dia 17 de dezembro, um helicóptero de substituição do INEM foi enviado para Macedo de Cavaleiros. Até porque a grande prioridade do INEM era, precisamente, repor o helicóptero para que não ficasse comprometida a eficácia operacional de socorro urgente numa região onde, a nível nacional, o heli tem mais serviços de emergência médica.

 

Poema de Miguel Torga, “Claro-Escuro”, lido pela médica Elisa Tomé durante a homenagem em Bragança:
 

“Dia da vida
Noite da morte...
O verso
E o reverso
Da medalha.
E não há desespero que nos valha,
Nem crença,
Nem descrença,
Nem filosofia.
Esta brutalidade, e nada mais:
Sol e sombra - o binómio dos mortais.

Só que o sol vem primeiro,
E a sombra depois...
E à luz do sol é tudo o que sabemos:
Juventude,
Beleza,
Poesia,
E amor
- Amargo fruto que na sepultura,
Em vez de apodrecer, ganha doçura.”

 


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