A primeira versão de uma candidatura ibérica, anunciada há 15 anos, dos mascarados a Património Imaterial da Humanidade deverá ser conhecida ainda durante o mês de junho, informaram hoje os responsáveis.
A ideia foi lançada em 2004 com portugueses da região de Bragança e espanhóis de Zamora a anunciarem a pretensão de avançarem com um candidatura conjunta para reconhecer a nível mundial as festas de inverno e os tradicionais mascarados desta zona de fronteira.
A ideia não teve desenvolvimentos até que, em 2017, foi recuperada pelo agrupamento europeu de cooperação territorial Zasnet, que junta municípios dos dois lados da fronteira, e que anunciou hoje que “no decorrer do mês junho será entregue a primeira versão à Dirección General de Patrimonio Cultural da Junta de Castilla y León e à sua homologa portuguesa”.
O anúncio foi feito numa nota distribuída à Lusa e que resulta das conclusões de um simpósio sobre as Máscaras e Festas de inverno, que decorreu no final de maio, na localidade espanhola de Alcanices.
“De voz unânime todos estão de acordo que este é um Património a valorizar e fazê-lo de forma conjunta, tal como o ZASNET está a promover, é a forma mais inteligente e eficaz de proceder, assim como apresentar a candidatura à UNESCO a Património da Humanidade, desta que é uma manifestação identitária do território transfronteiriço”, concluíram.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, membro do agrupamento, reforçou hoje que o trabalho em curso é “no sentido de formalizar uma candidatura ao nível de todo o espaço que engloba Portugal e Espanha”, nesta região de fronteira.
O objetivo é alcançar “o reconhecimento a nível internacional desta atividade imaterial que são as festividades de inverno”.
Por altura do Natal e do Carnaval, nos dois lados da fronteira, várias povoações são animadas pelas chamadas festas do
solstício de Inverno, associadas à emancipação dos jovens, daí serem denominadas “Festas dos Rapazes” ou “Mascaradas”, em Espanha.
A indumentária que usam motivou o nome por que são conhecidos,os “caretos” ou “mascarados”, devido às máscaras de lata ou madeira que lhes cobrem o rosto e aos farfalhudos e coloridos fatos de lã ou restos de outros tecidos.
Nesta região, destacaram-se nos últimos anos os Caretos de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, que avançaram com uma candidatura isolada à UNESCO e vão saber já em novembro se entram para a lista do Património Imaterial da Humanidade.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, afirmou hoje que Podence também não ficará de fora da candidatura ibérica que está a ser preparada para um reconhecimento global destas festividades comuns.
O autarca acredita que “a componente transfronteiriça pode valorizar ainda mais esta candidatura”.