A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) quer acabar com as aulas em horário duplo (só de manhã ou só de tarde) que ainda vigora em algumas escolas do 1º ciclo no distrito de Bragança, por falta de espaço dos estabelecimentos. Com a medida, a DREN quer implementar o conceito de «escola a tempo inteiro».
Devido à falta de espaços físicos nas escolas de 1º ciclo da cidade de Bragança para acolher tantos alunos, as crianças acabam por ser obrigadas a ter aulas só de manha ou só à tarde, vendo-se, assim, impossibilitadas de usufruir das actividades de enriquecimento curricular.
Para ultrapassar a situação, de acordo com o coordenador do Centro de Área Educativa de Bragança, a proposta da DREN vai no sentido de que, já no próximo ano lectivo, os alunos do primeiro ciclo passem a ter aulas nas sedes dos agrupamentos. Desta forma, todos os alunos passam a ficar integrados no regime normal, «ficando na escola todo o dia e com serviço de refeições», explica Alcídio Castanheira.
Na cidade de Bragança, existem 23 turmas de 1º ciclo a funcionar em horário de regime duplo. Os estabelecimentos que receberão estas crianças (as escolas Augusto Moreno e Paulo Quintela) vão ser sujeitos «a um esforço suplementar para acolher essas turmas que estão a mais nas escolas do primeiro ciclo». Mas Alcídio Castanheira garante que as escolas têm condições para os albergar.
Aos pais, segundo o presidente da Federação das Associações de Pais do Nordeste Transmontano, «agrada que sejam garantido a todos os alunos o funcionamento da escola do 1º ciclo a tempo inteiro». Desta forma, os alunos passam a ter actividades de enriquecimento curricular, o que, no entender dos pais, contribui para a melhoria das condições de ensino.
Vítor Alves critica, contudo, o facto de as associações de pais desconhecerem estas intenções da DREN e de não terem sido consultadas neste processo. «Tem de haver cuidados com a convivência no mesmo espaço físico de escalões etários diferenciados», alertou.
Esta é, no entanto, uma medida provisória até que sejam construídos os centros escolares previstos na carta educativa do concelho de Bragança. Porém, para já, ainda não há qualquer indicação acerca do estado deste projecto.
A delegação de Bragança do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) entende que «seria necessário definir previamente a rede escolar a nível do secundário e do 3º ciclo e, posteriormente, é que integravam os alunos». Alice Susano teme, aliás, que esta medida possa vir a criar alguns problemas «de pedagogia e convivência entre alunos de características distintas», dada a elevada diferença de idades.