Na sequência da suspeita de alegados \"compadrios\" que estariam por trás do ingresso de alguns estudantes na Escola de Enfermagem de Chaves, o DTOM foi ouvir o director daquele estabelecimento de ensino superior privado, do qual são \"proprietárias\" as seis Câmaras do Alto Tâmega.

António Silva afasta completamente este cenário e assegura que cumpre a Lei na \"íntegra\". Porém, admite que já houve várias tentativas de suborno. \"Já fui aliciado com montantes elevados. Mas posso garantir que aqui nunca ninguém passa à frente de ninguém por métodos fraudulentos\", afiançou António Silva.

Para o director da escola, os \"aliciamentos\" de que é \"vítima\" são fruto da \"angústia\" que se apodera dos pais dos estudantes nesta fase da vida dos seus filhos.

Confrontado com o facto de alguns pais com relações influentes no âmbito da direcção da escola se \"gabarem\" que os seus filhos vão entrar naquele estabelecimento de ensino mesmo antes de terem saído os resultados do concurso, António Silva só tem uma resposta: \"infelizmente há pais que preferem dizer que os filhos entram porque são amigos deste ou daquele, do que dizer que entraram pelo seu próprio mérito. Preferem promover-se a eles em vez dos filhos\".

António Silva garante mesmo que \"se há alguém que pagou alguma coisa a qualquer pessoa ligada à escola, então, essa pessoa foi roubada, pois, asseguro, isso não teve influência nenhuma\".

O director da escola revela, inclusivamente, que para acabar com as suspeitas de \"compadrio\" e com as \"pressões\", este ano não pediram sequer as cinco vagas que habitualmente solicitavam ao Ministério da Educação para mudanças e transferências de cursos. Vagas que, segundo António Silva, suscitavam todos os anos \"polémicas\".

Para reafirmar ainda mais a sua tese, o director da escola lembra também que a escola tem auditorias regulares. \"Como poderíamos depois explicar a entrada de um estudante com uma média inferior a outro?\", referiu António Silva, para concluir: \"Não podemos ultrapassar as regras\".

Os concursos

Apesar deste ano a Escola de Enfermagem de Chaves ter solicitado cem vagas, o Ministério da Educação só lhe concedeu 80 lugares.

Estas vagas foram todas postas a concurso na primeira fase. No entanto, 23 dos estudantes colocados desistiram da matrícula. E, por isso, conforme prevê a portaria 693/2002, de 21 Julho, a escola elaborou um segundo concurso, cuja lista de admissões foi afixada na semana passada. Nesta segunda fase foi ainda admitido mais um candidato. Isto porque a nota do último aluno admitido era igual à do estudante imediatamente a seguir. E em casos de empate, como lembrou António Silva, \"a escola é obrigada por Lei a admitir os dois candidatos\".

António Silva não põe de parte a realização de um terceiro concurso, mas só se se vierem a verificar mais de seis desistências. Caso contrário, serão admitidos os candidatos com as melhores notas que concorreram à segunda fase.



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