A maioria das escolas de Bragança fechou hoje devido à greve nacional que levou para a rua dezenas de professores a pedir “respeito” pela classe numa região onde apontam dificuldades acrescidas aos problemas nacionais.

Os docentes do distrito de Bragança cumpriram hoje um dia de greve e de protesto, numa iniciativa da plataforma sindical constituída por oito organizações que, ao longo de 18 dias, vai passar por todos os distrito, com início a 16 de janeiro, terminando a 08 de fevereiro.

O representante local da plataforma sindical, Carlos Silvestre, avançou no final da manhã que a adesão à greve no distrito de Bragança era “de 90% a 95%”, com todas as escolas fechadas na cidade de Bragança, em Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Vinhais, Vimioso ou Alfândega da Fé.

Segundo disse, os professores que estão a trabalhar são essencialmente aqueles que estão a ser observados para avaliação.

O representante sindical falava na manifestação que teve lugar na cidade de Bragança e durante a qual foram apresentados os motivos do protesto, nomeadamente aqueles que têm a ver com as especificidades dos professores desta região.

Como indicou, “há professores que fazem em média 100, 200 quilómetros por dia, vão para Penafiel, Amarante, Paços de Ferreira, Cinfães, todos os dias a saírem de Bragança carros”.

“É inacreditável que nem isso possa ser deduzido em IRS (Imposto sobre o Rendimento Singular), tal como deduzem outras profissões. Não temos os apoios que têm outros, não temos 453 euros por mês para andar de carro em Lisboa”, ironizou, comparando com o subsídio atribuído pela TAP para deslocações dos administradores.

A questão da mobilidade por doença é outra preocupação local com o representante sindical a observar que “os professores não têm as mesmas condições que em Lisboa e no Porto, têm de se deslocar, têm que procurar os serviços de saúde”.

“Não é a mesma coisa estar num sítio onde há hospitais, há centros de saúde e há médicos, e nós aqui estamos afastados de tudo isso”, vincou.

Nesta matéria contesta também que “os professores sejam mobilizados quando há um médico a dizer que o professor tem uma doença”.

“Quem é o Ministério (da Educação) para dizer que não e para tornar isto um concurso”, enfatizou.

Os docentes reclamam ainda a redução do número de alunos por turma e expressaram preocupação pelos “20 mil alunos que estão sem aulas” por falta de professor, salientando que se as reivindicações não forem atendidas “não vai haver professores muito em breve”, devido aos problemas na carreira.

“Isto tem que parar, isto são 20 e tal anos, não é hoje, não é este ministro que está em causa, não este Governo que está em causa, têm sido uma série de governos ao longo dos últimos 20 e tal, 30 anos, o estatuto da carreira docente está aprovado e nunca mais o utilizam, se cumprirem a lei o estatuto da careira docente permite-nos não ter este tipo de atitudes”, declarou.

O protesto visou ainda “o tempo de serviço que não é contado, as carreiras docentes que não são reconhecidas, a questão da contratação que o ministro disse que está ultrapassada”, mas que não convence os docentes.

Esta greve dos professores foi convocada por oito organizações sindicais: Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Pró-Ordem dos Professores - Associação Sindical/Federação Portuguesa dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).

Foto: Bruno Taveira



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