O estudo "Indicadores Biológicos em Espécies Piscícolas da Bacia do Douro" é da responsabilidade de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Segundo o estudo, "os sistemas aquáticos encontram-se frequentemente sujeitos a uma grande pressão resultante das alterações provocadas pelo homem, levando à degradação do habitat e à destruição parcial da comunidade biótica".
A Bacia Hidrográfico do Douro reflecte este tipo de acção negativa, quer através da poluição difusa resultante da lixiviação de nutrientes e pesticidas provenientes das actividades agrícolas, quer através da crescente contaminação por efluentes urbanos e industriais.
Deste modo, segundo os autores, o ecossistema é afectado, conduzindo, nos casos mais graves, ao desaparecimento da ictiofauna (conjunto de peixes que caracterizam a área em estudo).
Neste processo, as trutas são as primeiras a ser afectadas e a sua distribuição é alterada com o decorrer dos anos, sendo substituídas por outras espécies mais resistentes à poluição.
Neste estudo analisaram-se alterações do tecido hepático de peixes capturados em diferentes localidades da bacia, de modo a determinar os efeitos da poluição, designadamente nos rios Sabor, Tua, Tâmega, ribeira de Massueime, e na junção dos rios Fervença e Penacal.
"As populações piscícolas apresentam na sua globalidade um desequilíbrio da estrutura etária à excepção do barbo, que mostra ser a comunidade melhor estruturada, nas águas do Tua e Sabor", revelou o estudo.
As populações de boga parecem relativamente mais afectadas do que as de barbo devido a fenómenos de eutrofização (águas com excesso de vida animal que, por falta de oxigénio, aniquilam a vida animal), aspecto que transparece na distribuição por classes de idade.
Segundo os autores, o trecho final da bacia do Douro revela uma péssima qualidade biológica da água da ribeira de Massueime e má qualidade nos rios Tâmega e Tua, enquanto que o rio Sabor é o que possui melhor qualidade biológica da água.
A UTAD, em colaboração com a World Vigilance Euromediterranean Society (Waves) e os parques naturais do Alvão, Douro Internacional e Montesinho, realizou o II Simpósio Internacional sobre Fauna Selvagem.
Durante quatro dias foram apresentados 80 trabalhos relacionados com a gestão da fauna selvagem, parques naturais, cinegética e caça, biodiversidade animal, preservação de espécies e recursos genéticos.
No encontro participaram 340 especialistas, oriundos de diferentes países, como Portugal, Espanha, EUA, Eslováquia e Eslovénia.
No último dia do evento, a organização anunciou a criação de uma Waves portuguesa e elegeu os corpos que vão gerir a sua instalação, que tem como presidente Henrique Guedes Pinto, vice-reitor da UTAD para a Investigação Científica e Relações Internacionais.