A aldeia do morango em Mirandela temia o pior devido à pandemia da covid-19, mas afinal os produtores não têm mãos a medir para tantas encomendas, depois das notícias dos receios na comunicação social.
“Está tudo a pedir, não temos mãos a medir”, disse à Lusa Armindo Alves, um dos produtores de morango de São Pedro Velho, a aldeia transmontana conhecida por esta produção e que este ano já cancelou a feira anual de maio.
Com as medidas de contenção da pandemia, os produtores temiam que os cerca de 70 a 80 mil quilos de morango ficassem na terra, porém, há uma semana que Armindo e os restantes colegas começaram a apanha e as encomendas chegam de todo o lado.
De particulares a grossistas, todos querem morango. Os produtores não podem levar ao domicílio para responder a encomendas de particulares, mas estão a entregar a intermediários e grossistas de uma longa lista por toda a região de Trás-os-Montes, desde Mirandela a Bragança, Vinhais, Mogadouro, Chaves, Valpaços, Carrazeda de Ansiães.
Em grandes superfícies ou pequenas lojas locais, o morango de São Pedro Velho chegou ao mercado e não tem também faltado pessoal para a apanha.
Armindo Alves tem “pessoas do ano passado, que é certinho”, oito pessoas que vão trabalhar durante algumas semanas para apanhar “no mínimo 30 toneladas”, que crescem nos cerca de dois hectares deste produtor.
Armindo agrade à comunicação social que deu conta dos receios dos produtores e ao presidente da junta de freguesia, Carlos Pires, que tem apoiado a produção.
Também a Câmara de Mirandela ofereceu máscaras, álcool e luvas para os que participam na apanha.
Os cinco produtores de morango da aldeia têm, em média cada um, “sete a oito trabalhadores diários na apanha” e colhem entre “500 a mil quilos todos os dias”.
Um dos armazenistas (Frutas Cláudio) de Bragança que costuma receber a produção tinha anunciado o encerramento, mas afinal mantém-se de porta aberta e é um dos que está a vender o morango de São Pedro Velho.