Ainda o sol de ontem não se tinha posto e já Francisco Gouveia, 74 anos, preparava a salamandra para aquecer a noite na sua casa, em Torre de Moncorvo. O frio cortante no Inverno e o calor excessivo no Verão são das principais queixas em relação à habitação de lata e telhado de fibrocimento da qual se está a despedir, para, até ao fim deste mês, passar a habitar uma casa a sério. Mais 29 famílias vão seguir o mesmo caminho. Serão realojadas na nova urbanização social da vila. Os contratos com o município e o Instituto Nacional de Habitação são assinados hoje.

A mulher de Francisco, Maria da Conceição, anda \"contente da vida\" por poder estrear casa nova aos 70 anos. \"Ainda agora vim de lá\", sorria, explicando que anda a \"compor as coisas\". Na velha cozinha que também estreou há três décadas, quando veio de África como retornada, restam a salamandra, um lençol cheio de esponja para rechear as almofadas que \"estão a lavar\". Já quase tudo está na nova casa. Os netos, Lucas e Carlos, davam uma ajudinha.

Amélia Muxagata, 37 anos, já se mudou. Para trás deixou seis anos de \"humidade excessiva\" da velha casa no bairro prefabricado que \"não prestava para nada\". Encontrou-se com uma \"casa jeitosinha\" onde vive com os dois filhos - agora vão passar a viver com a avó, na aldeia, pois no fim do mês vai para a Suíça cumprir um contrato de trabalho de seis meses. Quando voltar pode contar com Francisco e Maria da Conceição como vizinhos.

Quem ontem não cabia em si de contente era Helena Rodrigues. Aos 14 anos os olhos não enganam ninguém \"Tenho um quarto só para mim, com mais espaço!\". Até agora partilhou um com a irmã, Diana, de oito anos. A mãe, Elvira Rodrigues, 35 anos, conta, sorridente, que o almoço da Páscoa já foi comido na casa nova. \"E já lá dormimos!\", apressa-se a complementar. \"Nos dias de geada isto era horrível\", lembra o esforço financeiro em lenha para manter a casa quente. \"Tenho as crianças, sabe como é…\"

As rendas mensais passam a ser um pouco superiores às pagas actualmente (há quem despenda 15 e 20 euros), mas todos admitem que o esforço compensará bem o maior conforto das novas casas.



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