A informação que existe relativamente à produção de castanha deste ano é contraditória. Os agricultores queixam-se de quebras na produção na ordem dos 20 por cento. Por sua vez, o maior armazenista do concelho de Macedo de Cavaleiros diz que a colheita da castanha deste ano \"foi superior à do ano passado\", e a \"prova\" é que já recolheu duas mil toneladas.

Armando Bento, da Associação para o Desenvolvimento Agrícola e Rural da Terra Fria (Monteval), de Bragança, reconhece que nesta campanha o agricultor \"esteve mais motivado\" para a apanha da castanha, derivado ao preço de 1,25 euros o quilo praticado pelos intermediários. O dirigente concorda que, embora a qualidade do produto seja inferior à dos dois últimos anos, foi a procura que ditou os bons preços praticados no mercado. Mas, mesmo assim, a produção ficou aquém da safra do ano anterior, fixando a queda em cerca de 10 por cento.

Na perspectiva de Armando Bento, a produção de castanha no distrito de Bragança pode atingir este ano as 18 mil toneladas. 70 a 80 por cento destinam-se ao mercado externo, sendo o Brasil o maior cliente, seguido da França, Espanha e Itália. O mercado nacional absorve 20 a 30 por cento da produção, figurando a castanha de Carrazedo de Montenegro no topo da preferência dos portugueses.

A produção de castanha tem vindo a diminuir de ano para ano. Só no concelho de Macedo de Cavaleiros morrem anualmente centenas de castanheiros. A primeira doença a dizimá-los, e a mais grave, foi a tinta, à qual se junta o cancro, uma enfermidade que, segundo um produtor da região, \"por este andar poderá, em poucos anos, reduzir a produção para menos de metade da registada há 14 anos\", data em que foi detectado o primeiro foco de infecção daquela doença, que teve origem nos Estados Unidos da América.

Contudo, a castanha continua a ser uma cultura de referência em Macedo de Cavaleiros. Em 1957 já estavam inventariados em todo o município cerca de 60 mil castanheiros mansos, que produziam em média mil toneladas de castanha. Em todas as aldeias há castanheiros, mas as maiores manchas desta cultura encontram-se na zona norte do concelho, desde Gradíssimo até Podence, Lamas, Corujas, Edroso e Espadanedo. Em Lamas, um só produtor possui 40 hectares de castanheiros. Bornes é a freguesia do concelho onde a produção mais decresceu, devido aos sucessivos cortes de castanheiros.

Na estrada entre Podence e Ferreira existe um grande armazém de produtos agro-alimentares que recebe a maior parte da produção de castanha do concelho e a entrega na Monsilvestre, uma empresa sediada no Cachão que tem encomendas de mais de 400 toneladas deste fruto seco para exportação e que se dedica também à sua congelação. Só este ano, a empresa já recolheu duas mil toneladas de castanha de toda a região e do distrito da Guarda.



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