Um consórcio de empresários estrangeiros ligados ao setor quer adquirir o maior produtor português de cogumelos, o grupo Sousacamp, sediado no concelho transmontano de Vila Flor, que se encontra em processo de insolvência há mais de um ano.

A proposta a que a Lusa teve hoje acesso, foi apresentada na última Assembleia de Credores, a 05 de junho, que decorreu no Tribunal de Vila Flor, distrito de Bragança, e que agendou nova sessão para 27 de junho, a fim de as partes se pronunciarem sobre a mesma.

O grupo Sousacamp é dos maiores produtores de cogumelos da Península Ibérica detentor de 90% do mercado português e acumulou dívidas à banca e ao Estado que ascendem a 60 milhões de euros, o que desencadeou o processo de insolvência depois da queda do banco BES, o maior credor.

Há mais de um ano que o processo decorre em tribunal e na última Assembleia de Credores surgiu a proposta de um empresário belga e outro espanhol, que já constituíram uma sociedade em Portugal, a “Rudi & Mittelbrunn, Lda”, para viabilizarem a Sousacamp.

Um dos dois empresário apresentados como “mundialmente conhecidos” é Rudi François J. Joris, um belga radicado na Polónia “considerado uma referência mundial na formação técnica e profissional no setor dos cogumelos”.

O outro investidor é o espanhol Ignacio Felipe Mittelbrunn Fuentes, que se propõe fazer uma parceria com o grupo brasileiro BDN, que atua no mercado nas áreas do agronegócio, imobiliária, financeira e saúde.

A nova sociedade propõe-se realizar uma injeção de capital de cinco milhões de euros e apresenta várias propostas para liquidar as dívidas perante os grandes credores, entre os quais se encontra o Novo Banco, a Caixa de Crédito Agrícola, a Segurança Social, o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e a Autoridade Tributária.

Os cerca de 500 trabalhadores do grupo não têm salários em atrasos e continuam a laborar nas diferentes empresas, de acordo com dados do processo.

A proposta de viabilização apresenta planos de pagamento em prestações para liquidar as dívidas ao Estado.

Relativamente aos bancos e fornecedores o consórcio propõe um período de carência de 18 meses e o posterior pagamento total da dívida em 120 prestações.

A cada credor é apresentada como alternativa uma de duas soluções: o pagamento em 30 dias de 35% da dívida e perdão do restante ou a regularização de 75% em 72 prestações mensais e perdão do remanescente.

O consórcio apresenta na proposta garantias bancárias para o plano de recuperação.

O Grupo Sousacamp nasceu da iniciativa empresarial de dois irmãos na aldeia de Benlhevai, em Vila Flor há cerca de 30 anos. Apenas um dos irmãos acabou por ficar com o negócio que expandiu, além da empresa-mãe, a Paredes, Vila Real e Espanha.

Tornou-se num dos maiores produtores de cogumelos ibéricos com mais de metade da produção a ser exportada para Espanha, França e Holanda, além de conquistar 90% do mercado português.

Foto: AP



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