A maioria dos habitantes dos distritos de Vila Real e Bragança entre os 15 e os 65 anos assumiu já ter experimentado bebidas alcoólicas, revelou um estudo coordenado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

O estudo que teve como objectivo conhecer os hábitos de consumo de bebidas alcoólicas e a prevalência de problemas ligados ao álcool nas populações de Bragança e Vila Real foi efectuado pela UTAD, com o acompanhamento técnico do Centro Regional de Alcoologia do Norte (CRAN). Com coordenação do professor Vasconcelos Raposo, o estudo foi promovido pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) com o apoio do Programa Transfronteiriço INTERREG III A - ALCOHOLISMO, financiado pela União Europeia, e vai ser apresentado publicamente terça-feira, na universidade de Vila Real.

Vasconcelos Raposo adiantou hoje à Lusa que de uma amostra de 4.735 pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos, 91,4 por cento reconheceram já ter experimentado bebidas alcoólicas, sendo que destes 49 por cento são mulheres.
Sessenta por cento revelam que continuam a consumir álcool regularmente e apenas 30 por cento dizem já não consumir bebidas alcoólicas.

Vasconcelos Raposo diz que se verificaram mudanças nos padrões de consumo, com um aumento do número de mulheres consumidoras nas diferentes faixas etárias e mais ingestão de cerveja e bebidas destiladas.
Referiu ainda que os consumos aumentam \"muito significativamente\" ao fim-de-semana, principalmente nas sextas-feiras e sábados.

As razões invocadas pelos jovens para beber são as conclusões mais preocupantes do estudo.
\"Dizem que bebem apenas porque gostam de beber, não porque têm problemas ou influência de familiares\", afirmou o responsável.
Os concelhos no distrito de Bragança com maiores consumos são Mogadouro com 82 por cento e Torre de Moncorvo com 76 por cento.
No distrito de Vila Real, os concelhos mais afectados são Alijó e Vila Real com 77 por cento, Valpaços com 76 por cento e Sabrosa com 71 por cento.
Vasconcelos Raposo refere ainda que os inquiridos dizem não ter tido conhecimento da realização de acções de prevenção, que deveriam ter sido promovidas por instituições financiadas para o efeito.

O consumo de álcool assume-se como um grave problema de saúde pública, atingindo uma prevalência de quase 10 por cento da população portuguesa e as consequências do seu consumo abusivo traduzem-se em elevadas taxas de mortalidade, somando mais de 8.000 mortos por ano, resultantes da sinistralidade rodoviária e laboral e de mais de 60 patologias clínicas.



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