Foram muitos os ex-combatentes que se juntaram às portas do Jardim da Carreira, junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima, \"para que ela olhe por nós já que o Governo não o faz\", como afirmou ironicamente António Cabeço, da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra (APVG).
A reunião teve como objectivo \"apontar o dedo\" aos serviços de saúde pelo não cumprimento do Decreto-Lei 50/2000, acerca da doença de stress pós-traumático de guerra e da Rede Nacional de Apoio. Esta Lei, que já conta com dois anos de existência, permite aos ex-combatentes que apresentem sintomas de sequelas do foro neurológico provenientes do tempo em que combateram pela pátria irem ao seu médico de família e este depois encaminhá-los para o hospital distrital, para aí serem observados e acompanhados.
O presidente da APVG, Almeida Vieira, fez questão de frisar que em Vila Real, assim como noutras regiões do país, \"ainda há médicos que se recusam a fazer aquilo que está consignado na Lei\".
Um caso recente, datado do final de Agosto, \"revoltou\" os ex-combatentes de Vila Real. Nessa altura, o director do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de São Pedro em Vila Real, \"devolveu o modelo de um paciente\". A justificação dada pelo hospital para este procedimento foi \"o elevado grau de exigência requerido pelas autoridades militares na execução do Modelo 2 e a nossa tradicional carência de pessoal técnico e de material para a sua execução\".
\"Jamais poderemos admitir uma situação destas\", afirmou António Cabeço. Os ex-combatentes sentem-se \"revoltados\", mas garantem que não se deixam \"abater\". \"Quem se mete connosco, mete-se com material muito inflamável. Somos mais de 900 mil no país e não admitiremos que passem por cima da Lei\", alertaram.
O DTOM tentou ouvir o director do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de Vila Real para o confrontar com esta situação, mas, até ao fecho da edição, o hospital não deu a autorização que entende ser necessária para se proceder à entrevista.