Uma versão moderna de antigas mezinhas caseiras à base de mel está a conquistar o mercado dos produtos naturais e a oferecer uma nova fonte de rendimento aos apicultores, disse hoje à Agência Lusa fonte do sector.

Da zona do Parque Natural de Montesinho, em Bragança, saiu em 2002 uma tonelada de pólen, que foi vendido em lojas de produtos de naturais para curar constipações ou como suplemento alimentar, por ser rico em proteínas e vitaminas.

Ao longo dos tempos, o mel esteve sempre presente nas mezinhas caseiras, não só para combater gripes ou dores de garganta à colherada, mas também para desinflamar "nódoas negras" de hematomas.

Estas mezinhas estão a ser recuperadas num novo mercado, que abre perspectivas de rendimento aos apicultores e que se estende à área da cosmética e da beleza, além dos produtos sucedâneos do mel, nomeadamente a cera trabalhada em velas e figuras decorativas.

Para Manuel Gonçalves, presidente da associação de apicultores do Parque Natural de Montesinho e da federação nacional de apicultores, a expectativa é de expansão do sector.

A Comunidade Europeia reconheceu uma ambição antiga dos apicultores, classificando como uma actividade agrícola a apicultura, até agora encarada como hobby ou actividade complementar da agricultura.

O mel passa assim a constar da produção pecuária, ao lado dos produtos de origem animal como os ovos, o frango ou o porco, e a receber incentivos à produção.

O futuro do sector será discutido, entre 21 e 23 de Novembro em Bragança, por 16 associações nacionais, que representam 90 por cento dos apicultores portugueses, num fórum, acompanhado de uma feira nacional do mel.

Segundo o dirigente, as perspectivas são optimistas.

"Há dificuldade na venda dos restantes produtos agrícolas por falta de competitividade, mas este (o mel) é vendável e ainda dá algum lucro", considerou.

No país existem 26500 apicultores com 632 mil colmeias, que produzem cerca de 11 mil toneladas de mel por ano.

Aproveitar todo o potencial desta produção é aposta, incentivando produtores e outros sectores de actividade a explorarem a variedade de produtos, desde licores, a doces, figuras decorativas em cera ou produtos de beleza.

Durante a feira nacional do mel em Bragança será lançado uma livro com 50 receitas de bolos de mel, um dos primeiros produtos regionais transmontanos a ser certificado pela União Europeia com Dominação de Origem Protegida (DOP).

Os representantes do sector estão agora apostados em conquistar também o mercado dos produtos biológicos e na zona do parque Natural de Montesinho, mais especificamente na Lombada, arranca ainda este ano um experiência com 500 colmeias.

O projecto abrange 18 dos 300 apicultores locais, que deverão começar a comercializar o mel biológico já em 2004.

Esta experiência têm o apoio da Escola Superior Agrária de Bragança, a única do país com uma cadeira obrigatória de apicultura nos cursos agrários.

Das 150 toneladas de mel produzidas por ano na região, 62 duas são vendidas em lojas nacionais de produtos certificados e as restantes em bruto para países do norte da Europa.

A associação pretende criar circuitos próprios de transformação dos produtos sucedâneos, à semelhança do que já acontece com a cera.

Uma escola oficina em funcionamento há um ano criou um posto de trabalho para uma mulher, que tem criado velas e figuras decorativas para presépios e com outros motivos.



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