Uma exposição em Chaves vai revelar dois mil anos de história, através de peças arqueológicas e arquitetónicas descobertas no concelho e que serviram de inspiração à nova marca identitária do município, foi hoje anunciado.
A mostra “Chaves – 2.000 anos de História para contar” vai ser inaugurada na sexta-feira, no Arquivo Histórico Municipal de Chaves, no âmbito do Dia Internacional dos Museus e Noite dos Museus, e estará patente ao público até ao final do ano.
“Vamos ter aqui algumas peças arqueológicas que serviram de inspiração, que vão contar a história dessa nova marca identitária, que é a história de Chaves, da sua evolução e dos povos que aqui viveram”, afirmou à agência Lusa João Ribeiro, arqueólogo da Câmara de Chaves.
Na exposição podem ser vistas peças com cerca de cinco mil anos, como um vaso que foi identificado na vinha da Soutilha, em Mairos, ainda uma réplica do pirgo de Chaves, uma pequena torre de jogo que foi encontrada nas termas romanas. Entre o espólio há artefactos em cerâmica, em metal, em pedra e até em ouro, como um anel. Há ainda fragmentos de mosaicos.
“Temos vários suportes onde estão gravados esses símbolos que, depois, ajudaram na criação da marca”, salientou João Ribeiro.
A nova marca do município de Chaves, distrito de Vila Real, foi desenvolvida pela própria equipa da câmara e surge como elemento identificativo do concelho e do território, e espelha marcas dos povos que passaram pela Aquae Flaviae, nome que os romanos deram à agora cidade de Chaves.
A exposição organiza-se em três espaços: a sala da pré-história, uma segunda sala com artefactos do período romano até à contemporaneidade e, depois, um terceiro espaço contém espólio encontrado durante as escavações arqueológicas realizadas no local onde está hoje instalado o edifício do arquivo.
No primeiro espaço, encontra-se a “peça cabeça de cartaz” que é o vaso encontrado na vinha da Soutilha, do terceiro milénio a.C., decorada com os símbolos das linhas quebradas comummente associados à água.
“A peça está fragmentada e foi reconstruída para se ter perceção de como seria”, explicou.
A exposição é complementada com elementos interativos - como modelos tridimensionais de algumas peças - num ecrã tátil, para que os visitantes possam interagir com os objetos de forma virtual, bem como algumas peças desenhadas em três dimensões (3D).
Joana Coelho, ‘designer’ gráfica da autarquia, explicou que a construção desta nova marca começou pela palavra Chaves, na qual foram introduzidos vários elementos como o reflexo, explicando que a cidade é o reflexo do seu povo, e símbolos encontrados em artefactos arqueológicos e na arquitetura deixada pelas civilizações antigas que ali viveram até aos dias de hoje: linhas quebradas, linhas curvas e espirais quadradas.
“Esses símbolos foram colocados na palavra Chaves como se fosse quase uma tatuagem, algo que nos marca”, referiu, acrescentando que a cor azul escolhida está relacionada com o rio Tâmega e as águas termais.
No processo de divulgação da nova marca, a autarquia quer envolver as escolas, levando os alunos ao arquivo municipal para verem as peças originais e as ruínas arqueológicas deste espaço.
“São as ruínas de uma ínsula romana, uma casa, onde apareceram várias peças desde o período romano até à atualidade. Este sítio conta quase uma história de dois mil anos. Nota-se uma evolução da cidade neste sítio”, referiu João Ribeiro, lembrando que o sítio foi descoberto aquando da requalificação do edifício em 2007.
Nestas ruínas foram encontrados 36.255 objetos e fragmentos, com destaque com o abundante espólio romano.