A população da freguesia de Terroso está revoltada com o abate de árvores em pleno parque natural. Uma empresa contratada pela EDP destruiu parte da floresta e ninguém assume responsabilidades. O Instituto de Conservação da Natureza já está a par e admite reflorestar a área
Proprietários denunciaram situação à GNR
Um abate de árvores numa freguesia do concelho de Bragança, promovido pela EDP, está a ser contestado pelos proprietários dos terrenos. A destruição ocorreu em área do Parque Natural do Montesinho e vai obrigar o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade a tomar medidas. Neste momento, equaciona uma eventual refloresteração da área em causa. A EDP defende-se, atribuindo à empresa subcontratada para o serviço as responsabilidades.
Na aldeia de Terroso, uma firma subcontratada pela empresa eléctrica procedeu ao corte e destroçamento de matas para criar faixas de descontinuidade junto às linhas de média tensão, de forma a evitar a progressão de eventuais incêndios e protecção de infra-estruturas.
Mas a população está revoltada com a forma como a Floponor, uma empresa da Guarda que trabalha na área da silvicultura, cortou os carvalhos, numa zona atravessada por uma linha de média tensão.
Ao serviço da EDP, a empresa destroçou a mata numa faixa de cerca de 15 metros para cada lado do poste, em vários quilómetros de extensão.
Os trabalhos de limpeza são frequentes, através do corte de alguns ramos mais altos. Desta vez foi diferente e a população insurge-se contra o facto de as árvores terem sido totalmente abatidas. \"Se algum carvalho tocasse nos fios ninguém se importava, mas a cortar com aquela largura não pode ser\", refere Maria Cândida Mendes, uma habitante de Terroso, acrescentando que \"eles não estão a cortar só os galhos, cortam mesmo dafeito, mesmo rentinho ao chão\", explica.
A zona está inserida no Parque Natural de Montesinho e por ser uma área protegida é necessária uma licença para proceder ao corte das árvores. Maria Libânia Pires foi uma das proprietárias lesadas e contesta os entraves colocados aos proprietários e a aparente facilidade com que este trabalho foi efectuado.
\"Não estamos de acordo porque se nós quisermos ir cortar para fazer lenha para a lareira não nos deixam, temos de pedir uma autorização ao Parque Natural de Montesinho\", afirma a proprietária, salientando que encontram sempre muitos obstáculos quando pretendem cortar alguma árvore nos seus terrenos: \"Não nos deixam cortar o carvalho que nós queremos, têm de ser eles a decidir.\"
Quando se deparou com a situação, Maria Emília Pires, outra proprietária na área em questão, chamou a GNR para registar o que estava a acontecer e conta que a partir daí a actuação foi diferente. \"Agora só cortam os galhos que estão mesmo a bater nos fios e o monte rasteiro, urzes e giestas\" refere.
Os proprietários queixam-se também de não terem sido contactados. Souberam da intervenção através de um aviso enviado pela Floponor para a junta de freguesia e afixado com três dias de antecedência.
O autarca local diz que devia ter havido maior esclarecimento. \"As pessoas ficaram insatisfeitas pois deviam ter sido contactados e a junta convocada para explicar aos agricultores o que ia ser feito\", considera o presidente da Junta, Hélder Martins.