A Câmara Municipal de Alfândega da Fé não tem dinheiro para assegurar o pagamento dos salários deste mês aos dez funcionários da Empresa de Desenvolvimento Integrado de Alfândega da Fé (EDEAF).
A má situação financeira da empresa foi ontem destacada por Berta Nunes, a nova presidente da autarquia, durante a cerimónia de tomada de posse. A autarca revelou que a empresa municipal, que agrega várias pequenas indústrias de transformação de produtos agrícolas, se encontra numa situação de \"falência técnica\".
Uma auditoria pedida pelo presidente cessante, João Carlos Figueiredo, revelou a má situação financeira da empresa \"que vai começar a ter salários em atraso\", lamentou Berta Nunes. A auditoria propunha a desactivação da EDEAF para evitar o crescimento do saldo negativo.
O primeiro dossier que a autarca quer resolver é a questão das duas empresas municipais, a outra é a Alfandegatur que gere o Hotel&SPA. A autarca recém eleita considera que não é vocação da autarquia gerir empresas que produzem queijo ou compotas como é o caso da EDEAF, mas assegurou que não as quer extinguir. \"Provavelmente poderemos abrir a exploração à iniciativa privada\", justificou.
A Alfandegatur não tem um problema financeiro tão complicado, pois tem vindo a melhorar as receitas devido à grande procura do SPA, mas a dívida ainda é na ordem dos 2,5 mil euros. A divida da EDEAF ainda não está contabilizada.
Se o saldo negativo das duas empresas não for coberto, os prejuízos acumulados vão pesar na divida do município que é superior às previsões, situando-se na casa dos 17 milhões de euros, sem contar com a dívida das empresas municipais. A autarca deparou-se com uma divida de cerca de dois milhões que \"não estava cabimentada, nem sequer estava contabilizada\", garantiu.
A edil explicou ainda que \" isto é apenas uma parte da dívida a curto prazo, uma vez que há mais três milhões em factory e acordos de pagamento e mais 1,5 milhões de dívida a curto prazo que não estava cabimentada, ou seja a dívida a curto prazo é de cerca de 6,5 milhões de euros e a dívida a médio prazo é de 10 milhões de euros\". O novo Executivo vai fazer uma revisão orçamental \"para tentar perceber qual é a dívida real\", frisou a autarca.