No passado dia 13, António Rodrigues, de 41 anos, casado e pai de dois filhos, residente em Canelas do Douro, na Régua, decidiu por ter termo à vida ingerindo herbicida. Antes disso, passou pelo café, de que António Monteiro, presidente da junta de Canelas do Douro, é proprietário, e deixou claro aos presentes que \"não estava bem psicologicamente\".
Logo pela manhã, pediu uma cerveja. António Monteiro estranhou tal atitude e, como o conhecia bem, aconselhou-o a não beber tão cedo. No entanto, este estava disposto a fazê-lo e disse: \"isto está a estourar\". Sem o perceber muito bem, o proprietário do café perguntou-lhe o que se passava e António Rodrigues, sem rodeios, confessou-lhe: \"vou acabar comigo\". António Monteiro ainda tentou falar com ele, mas confessa que nunca pensou que ele iria mesmo pÎr em prática a sua ameaça.
Guilhermina da Costa, vizinha de António Rodrigues e sogra de um seu irmão, está revoltada com a situação. Relembra que António lhe pediu uma garrafa de vinho para beber num campo perto de casa. Pouco tempo depois, Guilhermina viu António chegar com a garrafa vazia e com um saco de herbicida na mão. Após se sentar num degrau da sua casa, confessou à vizinha que tinha ingerido veneno. Ainda vomitou à porta de casa, mas foi-se logo deitar na cama. E nunca mais se levantou.
A esposa e os filhos de António Rodrigues sabiam que ele tinha ingerido veneno, mas \"não se preocuparam\" com isso e \"ignoraram-no\". As vizinhas, sabendo do sucedido, disseram-lhe várias vezes para o levarem ao médico. Ao que a viúva, segundo elas, respondeu sempre: \"já que ele a tomou, que a aguente\".
Um irmão de António Rodrigues, Manuel Castelo Rodrigues, chegou de França, onde se encontrava a trabalhar e, vendo o irmão naquele estado, já nem conseguia falar, telefonou aos bombeiros para o virem buscar. No entanto, tratando-se de envenenamento, teria de aparecer primeiro a GNR, o que aconteceu pouco depois, seguindo-se os bombeiros.
António Rodrigues foi para o Hospital da Régua, e depois foi enviado para o de Vila Real. No dia 16 acabou por falecer.
Guilhermina da Costa, assim como o seu genro, irmão de António Rodrigues, revoltados com esta situação e com a atitude da \"viúva alegre\", como agora chamam à viúva de António Rodrigues, decidiram apresentar queixa no posto da GNR da Régua.