Uma família enlutada de Valtorno, Vila Flor, acusa os dois coveiros municipais de se terem \"recusado\", ontem, a abrir uma campa para sepultar uma senhora de 87 anos, falecida na passada segunda-feira naquela freguesia.

A cova acabaria por ser feita por um neto e por um sobrinho da defunta, que não gostaram da reacção dos funcionários autárquicos, chamados à localidade para tratar do enterro de uma outra idosa, falecida horas antes.

\"Disseram que já iam abrir uma cova e que não abririam uma segunda, porque não tinham quatro mãos\", contou, ao JN, Isilda Sacramento, neta da falecida. E acrescentou \"Quando acabaram o trabalho, ficaram ali a olhar para o meu irmão e para o meu primo, a rir-se\". Esta familiar não entende por que é que, \"tendo acabado a primeira cova cerca das 11 horas, não abriram a segunda\". Até porque o funeral estava marcado para as 18 horas \"e tinham tempo\".

O presidente da Junta de Freguesia de Valtorno, Diamantino Araújo, alega que esteva presente no cemitério quando os familiares foram pedir aos coveiros para fazer uma segunda campa. \"Eles responderam realmente que só têm dois braços cada, mas, mais tarde, mostraram-se disponíveis para cavar a outra sepultura. Os familiares é que disseram que resolviam o problema, como, de facto, ficou resolvido\", disse, negando que os coveiros se tenham recusado liminarmente a executar o trabalho. \"Não há razão para tanto alarido\", sublinhou.

Ora, não é assim que pensa a família Sacramento. \"Sou funcionária pública e não trabalho só de manhã\", adiantou outra neta da falecida, Manuela, notando que, \"se os coveiros não conseguissem fazer as duas covas no horário normal, sempre poderiam pedir para lhe pagarem as horas extras\".

\"Estamos tristes porque, quando é para pedir votos, Câmara e Junta querem tudo. E, agora, se não fosse o meu irmão pegar numa pá e pedir ajuda, onde é que metíamos a nossa avó?\", aduziu outra neta, Natércia.

E nem o facto de se tratar de uma coincidência haver dois funerais em simultâneo deve, na opinião desta familiar, servir de desculpa, pois \"devem estar prevenidos para este tipo de situações\". \"Não tem lógica ter de ser o meu irmão, com a sua dor, a abrir a campa para a avó\", sublinhou.

Celeste Sacramento, filha da idosa sepultada, recorda que não é a primeira vez que morrem duas pessoas no mesmo dia em Valtorno, mas, \"como antigamente havia coveiro na aldeia, nunca se verificou uma situação semelhante\".



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