2007 foi um ano difícil para os agricultores transmontanos e para as suas organizações, que numa atitude consciente da importância que as candidaturas da PAC representam para esta região, levaram a cabo a elaboração das mesmas num prazo extremamente reduzido e em condições de extrema dificuldade.
Fizeram-no conscientes de ajudarem os seus associados, mas também de prestarem um contributo importante ao desenvolvimento das zonas do interior e ao próprio país.
Apesar desse esforço, cerca de 30.000 agricultores em todo o país deixaram de receber estas ajudas comunitárias, facto que consideramos preocupante e que vem em sentido contrário ao esforço realizado desde o início da reforma da PAC.
Os resultados do período especial de candidaturas às Medidas Agro-Ambientais vieram confirmar a debilidade ou mesmo a incapacidade das Direcções Regionais para a realização desta tarefa, dado que neste período as organizações de agricultores realizaram 95 % das candidaturas e as Direcções Regionais somente 5%.
Com a campanha de 2008 à porta, e sem existir uma alternativa credível às organizações de agricultores, vemos com preocupação a forma como irá decorrer o próximo período de candidaturas.
Apesar das candidaturas realizadas em 2007, os agricultores de Trás-os-Montes ainda não receberam às Agro-Ambientais, as Indemnizações Compensatórias, nenhum dos produtores de leite recebeu as ajudas correspondentes a que tinha direito, 5.000 produtores de ovinos e caprinos (muitos deles de Trás-os-Montes) também não receberam as verbas a que tinham direito.
Quanto ao PRODER, aguardamos a sua saída há mais de um ano, com todos os bloqueios no investimento que esta situação acarreta, pois desde 2005 não existe um programa a funcionar nesta região.
São três anos em que uma das zonas que mais dinheiro investiu na modernização do sector agrícola se viu sem incentivos para poder reconverter e modernizar a agricultura.
Para quando a disponibilização de meios para aqueles que querem investir?
Ao longo dos últimos 20 anos, as organizações de agricultores desta região assumiram um conjunto de tarefas e de funções e receberam incentivos para o reforço da sua capacidade técnica e para a reestruturação do movimento associativo. Nos últimos dois anos, temos assistido a um retrocesso e a uma indefinição do papel das associações no apoio ao agricultor.
Só com objectivos claros e com a colaboração entre o Ministério da Agricultura e as Organizações poderemos construir um futuro melhor para a agricultura transmontana e criar condições para a manutenção das pessoas em zonas desfavorecidas.
Acreditamos no futuro de actividades que hoje já realizamos, mas poderemos melhorar de forma a torná-las mais competitivas.