A Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real apelou hoje, através de uma carta, à continuidade em função dos dois comandantes operacionais distritais (CODIS), que pediram a exoneração do cargo.
Contactado pela agência Lusa, Álvaro Ribeiro, comandante operacional distrital de Vila Real desde 2013, confirmou o pedido de exoneração “por vontade própria” e apenas acrescentou que deixa o cargo no final deste mês.
Também de saída está o segundo comandante operacional distrital, Manuel Borges Machado, que confirmou à Lusa o pedido de exoneração e a saída a 31 de outubro do lugar que ocupa há quase seis anos.
Na carta, dirigida aos comandantes distritais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a Federação dos Bombeiros do Distrito Vila Real apela a que revejam a decisão, argumentando com “a unidade" e "proximidade” que os dois conseguiram com os agentes de Proteção Civil, em particular com os corpos de bombeiros.
“O trabalho desenvolvido por parte de vossas excelências, baseado na competência, saber, proximidade, diálogo e entreajuda, tem tido resultados muito positivos, em todas as áreas, nomeadamente no que concerne ao Sistema de Gestão integrada de Defesa da Floresta”, refere ainda o documento.
E, “face aos desafios que ainda estão para vir”, a Federação disse ainda que “não vislumbra pessoas no imediato mais capazes e mais com espírito de união” do que Álvaro Ribeiro e Borges Machado .
“Assim, sem querer limitar a vossa liberdade pessoal, mas apelando ao vosso elevado sentido de dever e responsabilidade, mais uma vez vos pedimos que reconsiderem a vossa intenção, sendo certo que da nossa parte tudo faremos para merecermos o vosso voto de confiança”, conclui a carta que seguiu com conhecimento para o Ministério da Administração Interna.
Esta tomada de posição foi ainda transmitida à Secretaria de Estado da Administração Interna, ao presidente do conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses, ao presidente da ANEPC e ao comandante operacional nacional da ANEPC.
Apesar de se mostrar sensibilizado com o pedido feito pela Federação dos Bombeiros de Vila Real, Álvaro Ribeiro disse que não vai voltar atrás na sua decisão.
Este pedido de exoneração acontece a poucos meses da implementação da lei orgânica da ANEPC que cria os comandos sub-regionais de emergência e proteção civil e põe fim aos atuais comandos distritais de operações e socorro (CDOS).
A nova lei orgânica da ANEPC entrou em vigor em abril de 2019, tendo ficado decidido que a nova estrutura regional e sub-regional entrava em funcionamento de forma faseada.
Os comandos regionais já foram nomeados, faltando a criação dos 23 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil em vez dos atuais CDOS.
O distrito de Vila Real vai ficar dividido em três sub-regiões, o Alto Tâmega com seis concelhos, Mondim de Basto vai para o Alto Ave e os restantes sete juntam-se na sub-região do Douro que irá agregar um total de 19 municípios (dos distritos de Vila Real, Viseu, Guarda e Bragança).
Esta reorganização tem sido criticada no território, onde se questiona a operacionalidade da sub-região do Douro, cujos municípios estão divididos pelo rio Douro e onde as ligações, em muitos casos, se fazem por estradas secundários.
Em 2019, a Comissão Distrital de Proteção Civil de Vila Real manifestou mesmo a sua "total discordância" à criação dos comandos sub-regionais em alternativa aos atuais CDOS.
Na altura, esta estrutura, referiu que “a movimentação de meios terrestres tem de ser célere e sem estradas em bom estado de conservação e adequadamente dimensionadas não é possível uma resposta pronta e rápida dos corpos de bombeiros e outros agentes de Proteção Civil".
O distrito é atravessado pelas autoestradas A24, A7, A4 e Itinerário Complementar 5 (IC5) o que possibilita maior “rapidez de projeção de meios nos teatros de operações".