A Feira das Cantarinhas de Bragança vai ter uma rua destinada a promover os produtos da região, num fim de semana em que se espera muita gente na cidade, disse à Lusa a organização.

O evento que se estende pelas ruas da cidade, com data marcada este ano de 02 a 04 de maio, foi hoje apresentado na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), que programa o acontecimento em conjunto com o município.

“A novidade principal são 10 stands na Rua Alexandre Herculano, com mostras dos produtores de vinho, azeite e mel da região. Antes nessa rua tínhamos feirantes”, começou por explicar a presidente da ACISB, Maria João Rodrigues.

A zona, que é pedonal e bastante movimentada, junto à central Praça da Sé, onde se podem encontrar o que dá nome à feira, foi escolhida, precisamente, pela localização “para dar a oportunidade aos produtores de mostrarem produtos importantes para a região”, considerou Maria João Rodrigues.

Espera-se, ainda segundo o prognóstico da associação de comerciantes, boas taxas de ocupação na hotelaria e na restauração e a visita massiva dos vizinhos espanhóis.

Pela cidade brigantina, contabilizou Paulo Xavier, o autarca, vão estar 325 expositores de todo o país.

“É um dos mais antigos e emblemáticos eventos do nosso concelho. Mais do que uma mostra do que é o artesanato, o comércio ou a gastronomia, é um verdadeiro símbolo da nossa identidade cultural”, partilhou o presidente da câmara municipal.

Dois dias antes, a 30 de abril, tem início na Praça Camões, também no centro da cidade transmontana, a Feira do Artesanato, onde vão estar os quatro artesão que guardam a arte de fazer as cantarinhas a trabalhar o barro ao vivo, contou Paulo Xavier.

“É um trabalho minucioso, que não tem sido fácil passar de geração em geração. Se antes havia muitos a produzir, agora este símbolo está reduzido a poucos oleiros. Por isso, é importante divulgar, para ver se os mais novos se entusiasmam”, afirmou o autarca.

O grande grosso do que é vendido é produzido fora da região e trazido pelos comerciantes que vêm participar na feira.

A Feira das Cantarinhas é de origem medieval e decorre no primeiro fim de semana de maio, em que também se celebra na atualidade o Dia da Mãe.

Tem o ponto principal no centro da cidade e de lá se estende. Antes, acontecia dentro ou fora da Cidadela, dependendo se havia paz ou guerra, e em consonância com os ciclos agrícolas.

Os trabalhadores levavam para o campo cântaras, originárias da aldeia de Pinela, naquele concelho, que serviam para armazenar água e que se vendiam na feira franca.

As cantareiras, as mulheres responsáveis pelo molde de barro, começaram a produzir cântaras mais pequenas, chamadas de cantarinhas, que tinham como função entreter as crianças e que se popularizaram até à atualidade.

Podem ter muitas formas, tamanhos ou cores, mas continuam a simbolizar prosperidade e sorte. Por isso, mantêm-se a tradição de as oferecer nesta data em sinal de amor ou de amizade a quem se quer bem.

Por ocorrer na primavera, a Feira das Cantarinhas está ligada ainda aos rituais de sedução, mandando também a tradição que se escolhesse a cântara mais bonita para presentear a mulher amada. Aquelas que recebessem mais cantarinhas eram, portanto, as mais pretendidas.


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