A Feira do Folar de Valpaços é “um tributo” aos produtores deste bolo de carnes e agricultores do concelho, representando uma “lufada de ar fresco” para a restauração, comércio e alojamentos turísticos, disse hoje o presidente da câmara.
O folar é presença obrigatória na mesa dos transmontanos durante a celebração da Páscoa e é também a atração principal da feira que decorre entre 31 de março e 02 de abril, em Valpaços, distrito de Vila Real.
“Esta feira é o culminar daquilo que os nossos agricultores fazem ao longo do ano. É um tributo a eles”, afirmou Amílcar Almeida, o presidente da autarquia, durante a apresentação do “palco de negócios” que reabre na semana que antecede a Páscoa.
O certame é dedicado ao folar, mas também aos outros produtos regionais, como o vinho, azeite, castanha ou os mais variados frutos.
Amílcar Almeida salientou ainda que o evento representa uma “verdadeira lufada de ar fresco para a restauração, comércio e unidades de alojamento turístico”.
“O retorno económico é elevado, é superior a 1,5 milhões de euros”, afirmou o autarca, especificando que o valor é referente a vendas diretas e impacto no comércio, restauração e hotelaria do concelho.
Por causa do “sucesso da feira”, o autarca anunciou ainda a construção de mais um pavilhão, num investimento de dois milhões de euros, para ampliar o espaço disponível.
Na edição 2023 vão estar presentes cerca de uma centena de expositores no recinto, 18 de venda de folar, cujo preço vai sofrer um “pequeno aumento de um a dois euros” para ajudar os produtores a suportar também o aumento dos custos de produção.
Rui Conde, da padaria Juvenal, instalada na cidade de Valpaços, disse à agência Lusa que está confiante com o negócio na feira, mas assumiu algumas “cautelas” por causa da “crise generalizada”.
“A matéria-prima está muito mais cara, temos situações em que aumentou para o dobro, como é o caso dos ovos, da farinha, as margarinas ou do azeite. É complicado”, afirmou.
Também Fernanda Gonçalves, produtora artesanal, reforçou as preocupações com o preço dos produtos com que se faz o folar.
“Está tudo muito mais caro. Aumentou tudo e, para quem faz um bom folar, fica muito caro”, referiu.
Rui Conde disse que o folar é um produto que já é vendido o ano inteiro, e salientou que, na altura da Páscoa, se nota um aumento da procura. Diariamente trabalham na Juvenal 12 pessoas, mas, nesta altura, há um reforço de mais duas pessoas.
Para além da sua padaria, o empresário vende ainda através da plataforma ‘online’, que a câmara lançou durante o período da pandemia de covid-19, vai estar presente na Feira do Folar e, na sexta-feira (dia 31 de março), vai também estar num certame em Lisboa, promovido pela Casa de Trás-os-Montes.
Em Valpaços, o folar é um produto com indicação geográfica protegida (IGP) desde 2017 e pode ser confecionado de forma industrial ou artesanal, produzido pelas padarias ou em fornos de particulares, que aproveitam para irem fazendo algum rendimento extra.
Fernanda Gonçalves é produtora de fumeiro e tem uma loja de venda destes produtos, na cidade de Valpaços, e, em 2019, decidiu alargar a atividade ao folar, construiu um forno a lenha e só confeciona este produto na altura da Páscoa.
“Tem corrido bem. Os clientes gostam dos nossos produtos, compram uma vez e, na próxima, dobram a compra”, referiu.
Nesta altura conta com a ajuda de familiares e, segundo Fernanda Gonçalves, o segredo do folar “está na qualidade dos produtos”, desde as carnes de fumeiro (salpicão, linguiça, presunto), nos ovos ou azeite, que são usados e também na forma como “se bate” a massa.
Com o “Bolhas da Montanha” aberto desde novembro, na aldeia de Ribas, Rafael Eira disse que já tem marcações para o fim de semana do certame para esta unidade hoteleira, onde os quartos estão precisamente dentro de “bolhas redondas e transparentes na parte superior”, o que “permite dormir à luz das estrelas”.
O conceito é o de ‘glamping’, ou seja, possibilitam um maior contacto com a natureza, sem abdicar do conforto de um quarto com casa de banho ou jacuzzi. O espaço tem ainda sauna, piscina de água salgada aquecida e salão de jogos.
“Temos quatro bolhas e a capacidade total são 10 pessoas”, especificou o empresário à Lusa, explicando que a sua aposta recaiu sobre um “segmento diferente” para atrair mais turistas à região.