A Feira do Folar de Valpaços é um palco de negócios que reabre em abril após dois anos de interregno, devido à covid-19, mantendo-se a aposta na loja ‘online’ que levou o produto tradicional a todo o país.

O certame realiza-se entre 08 e 10 de abril, uma semana antes da Páscoa, época em que esta espécie de bolo de carnes tem um lugar de destaque nas mesas dos transmontanos. E o de Valpaços é um produto com indicação geográfica protegida (IGP) desde 2017.

“Estamos de volta”, afirmou hoje o presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, que falava em conferência de imprensa.

O certame não se realizou em 2020 e em 2021 devido à pandemia de covid-19.

Amílcar Almeida destacou a importância da feira para a economia local, não só pelos negócios concretizados durante os três dias no recinto e o movimento na hotelaria e restauração do concelho, mas também porque divulga “o bom nome de Valpaços”.

“Temos o único folar certificado do país e que há muito tempo ganhou adeptos (…) Não é preciso ter um grande poder de compra para o poder adquirir”, salientou o autarca

No recinto da feira estarão presentes cerca de 70 expositores e o folar será vendido entre o preço mínimo de 10 euros e o máximo de 12 euros, verificando-se um “aumento mínimo” para ajudar os produtores a suportar também o aumento dos custos de produção.

“Vimos aumentar os combustíveis, vimos aumentar as farinhas, vimos aumentar tudo”, frisou Amílcar Almeida, que fez questão de salientar que “já há muito tempo que o preço do folar se situava nos 10 euros” e que, por isso, se “trata de um aumento insignificante face ao aumento dos produtos”.

Em Valpaços, o folar é industrial e artesanal, produzido pelas padarias ou em fornos de particulares, que aproveitam para irem fazendo algum rendimento extra.

Na aldeia de Vassal, as irmãs gémeas Ana e Adília Sousa, professoras de profissão, unem a família para confecionar o folar para a altura da feira e da Páscoa. Começou por brincadeira, no antigo forno a lenha que pertenceu aos avós, depois experimentaram participar na feira e “ganhou-se o gosto”, repetindo a presença ao longo dos anos.

“Só fazemos nesta altura do ano os folares e de uma forma muito tradicional, artesanal”, contou à agência Lusa o marido de Ana, Luís Guedes, funcionário público.

Nesta altura tiram férias ou folgas e a família junta-se para cumprir esta espécie de tradição. “O objetivo principal não é o lucro, se assim fosse já tínhamos parado”, referiu Luís Guedes.

Sem feira física nos últimos dois anos, encontraram-se novas formas de potenciar os negócios e foi, nesse sentido, que a Câmara de Valpaços lançou em 2021 uma plataforma online para venda de produtos regionais e que se manteve se mantece ativa ao longo do ano.

Ali vende-se folar, mas também outros produtos regionais, como o azeite, vinho, bolo podre, castanha ou mel.

Em março de 2021 foram efetuados negócios de cerca de 90 mil euros através desta plataforma.

“Tivemos muito procura. Foi uma verdadeira surpresa porque não contávamos. Era com muita facilidade que faziam as encomendas de Lisboa, Algarve, onde quer que fosse, e estas eram entregues em 24 horas”, apontou Luís Guedes.

A venda de folar na plataforma ficará suspensa durante os dias da feira física.

O folar é já um produto vendido o ano inteiro, mas segundo Rui Conde, da padaria Juvenal, na cidade de Valpaços, na altura da Páscoa nota-se um aumento da procura.

“Todos os dias fazemos folar. Vendemos aqui, individualmente e também pela plataforma”, realçou o empresário que neste período, e face ao aumento da procura, contrata mais duas pessoas para reforçar a equipa de 10 elementos que trabalha nesta padaria.

O negócio “já vem dos tempos” dos avós de Rui Conde, desde 1939, tal como a receita do folar, e é “grande” a expectativa de regressar à feira física após dois anos de interregno. Nas últimas edições, a padaria Juvenal esgotou todo o produto que levou para o certame.

Em 2019, a Feira do Folar gerou um volume de negócios de cerca de 1,5 milhões de euros em vendas diretas e impacto no comércio e restauração do concelho, atraindo milhares de pessoas a Valpaços, muitos espanhóis.



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